O poeta e compositor Jorge Salomão morreu sábado, 7, no hospital municipal Miguel Couto, na zona sul do Rio de Janeiro, aos 73 anos. Irmão do também poeta Waly Salomão, Jorge atuou ainda como diretor de teatro e escritor, e teve músicas gravadas por grandes nomes da MPB.
Em fevereiro, o compositor de canções como <i>Noite</i>, gravada por Zizi Possi, já havia sido internado no Rio por causa de um enfarte. Na última quinta-feira, voltou a ser internado em razão de dores abdominais e não resistiu a complicações de uma úlcera perfurada no duodeno.
Nascido na Bahia, onde iniciou sua carreira no teatro, Jorge se mudou para o Rio em 1969 e, ao lado de Waly e de Torquato Neto, foi presença marcante na cena cultural da cidade. Naquela época, trabalhou na revista <i>Navilouca</i> e dirigiu o espetáculo <i>Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir</i>. Ele ainda produziu capas de discos e serviu de inspiração para a canção <i>Jeca Total</i>, de Gilberto Gil.
De acordo com o <i>Dicionário Cravo Albin da MPB</i>, Jorge viveu em Nova York de 1977 a 1984, onde participou de várias experiências em vídeo e performances. Ao longo de sua carreira, colaborou com textos e produções para vários jornais e revistas brasileiras.
Entre muitas parcerias musicais, com Adriana Calcanhoto, fez <i>Sudoeste</i>; Marina Lima gravou a sua <i>Pseudoblues</i>. <i>Barraco</i>, feita com Roberto Frejat, foi gravada por Cássia Eller. Com Frejat, aliás, fez outras canções, como <i>O Invisível</i>, <i>Fúria e Folia</i>, <i>Azul Azulão</i>, entre outras. No Twitter, Frejat lamentou a morte de Salomão. "Que meu querido amigo e parceiro Jorge Salomão vá por um lindo caminho de luz. Por aqui ficam nossas canções em parceria, nossa amizade e desde já uma imensa saudade."
Figura atuante na Tropicália, havia se reaproximado de Caetano Veloso no ano passado, segundo o próprio cantor revelou no Twitter. "Felizmente voltei a curtir intensamente sua presença, seu humor, o radical brilho de sua inadequação a convenções", escreveu Caetano.
Em dezembro do ano passado, a editora Gryphus lançou o livro <i>7 em 1</i>, que reúne sete livros do escritor. "Ele capta o sentido da poesia no seu texto, na sua própria arte", escreveu Nélida Piñon na orelha da edição. "É um homem luminoso que ama os seres, que ama as palavras, e que vai ao holocausto por elas."