O governador Luiz Fernando Pezão disse que pediu auxílio do Exército para ocupar o Morro da Pedreira e do Chapadão, favelas do bairro de Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro, onde cinco jovens foram assassinados por policiais militares no sábado, 28, mas a ajuda teria sido recusada. “Já pedimos ajuda ao Exército e o Exército não pôde vir agora. Eles estão mobilizados para a Olimpíada. Estão numa política muito forte nas fronteiras, visando a Olimpíada, e eu entendi”, afirmou Pezão.
Em 20 de outubro, o governador havia negado ter solicitado ao Ministério da Justiça o envio de tropas para reforçar a segurança no Chapadão e na Pedreira. Na manhã desta quinta-feira, 3, Pezão disse que vai instalar Unidades de Polícia Pacificadora no local depois que ocupar o Complexo de Favelas da Maré, para onde vão 6 mil policiais que estão terminando a formação.
O governador reconheceu que a tropa da PM está “emocionalmente abalada”, por causa do “enfrentamento da criminalidade do Rio”. “É muito difícil fazer patrulhamento das áreas conflagradas. Eu acho eles (PMs) verdadeiros heróis. São pessoas que estão dentro das comunidades, tentando levar a paz. A gente não pode julgar esses policiais por aqueles que cometeram os erros em Costa Barros”.
Ataque
Cinco amigos, com idades entre 16 e 22 anos, saíram no sábado passado para comemorar o primeiro salário do mais novo deles. Na volta para casa, o Pálio em que eles estavam recebeu 63 tiros. Os cinco morreram na hora. Testemunhas disseram que policiais militares, que haviam atendido a um chamado sobre roubo de cargas, dispararam contra os jovens, antes mesmo de abordá-los.
Os policiais deram outra versão: disseram que um dos jovens atirava contra os PMs, com o corpo para fora da janela do veículo. A versão não foi confirmada pela perícia. Quatro policiais militares foram presos em flagrante por homicídio doloso (com intenção de matar) e quatro por fraude processual.
Nesta sexta-feira, 4, integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a violência policial vão ao Batalhão Especial Prisional, em Niterói, no Grande Rio, para ouvir os PMs acusados da chacina.
O Comando Militar do Leste (CML), representação do Exército no Estado, não confirmou se houve o pedido e a negativa. “Qualquer tratativa sobre o emprego das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem são de decisão da presidência da República”, respondeu. Segundo o CML, o comando apenas “cumpre ordens” da presidência. A reportagem procurou a Presidência, que não apresentou resposta até a publicação desta reportagem.