A concentração dos reajustes das contas de luz no primeiro trimestre, sobretudo em janeiro e março, foi o principal responsável pela desaceleração no Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) em abril. Como informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) mais cedo nesta quarta-feira, 6, o IPC-C1 desacelerou para 0,74% em abril, de 1,64%, em março. Isso levou a taxa para o grupo Habitação recuar de 4,14%, em março, para 0,64%, em abril.
Segundo André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), a pressão da conta de luz sobre a inflação da baixa renda seguirá ao longo do ano, mas em menor escala. Em março, o item energia elétrica avançou 21,13% no IPC-C1. Em abril, subiu 1,26%.
“Temos novos aumento no horizonte. A partir deste momento, as companhias retomam seus reajustes”, disse Braz, projetando aumento médio de 10% a 15% ao longo do ano na conta de luz dos diversos Estados. Em janeiro e março, os aumentos se deveram principalmente ao custo mais elevado pelo acionamento das usinas térmicas e à compensação das perdas das distribuidoras de eletricidade nos últimos anos.
No grupo Alimentação, de grande influência nos gastos das famílias de baixa renda, o destaque de abril foi o tomate, com alta de 17,93%. Nos quatro primeiros meses do ano, o preço do tomate acumula alta de 49,35%. Ainda assim, segundo Braz, a tendência é os preços caírem daqui para a frente, compensando no IPC-C1 dos próximos meses.
É também nos produtos alimentícios que o efeito da alta do dólar se faz sentir. O dólar mais caro encarece a soja e o trigo, cujas cotações são definidas internacionalmente, na moeda norte-americana. Com isso, o pão francês subiu 2,45% em abril, acumulando 5,18% no ano. Já o óleo de soja avançou 3,24% mês passado, chegando a alta de 7,71% no ano.