Em meio a escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, uma das maiores empresas do País, e uma intensa crise política, o Banco Central passou a afirmar que o “investimento tem-se retraído, influenciado, principalmente, pela ocorrência de eventos não econômicos”.
A ponderação, que não constava até a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, entrou no documento referente ao encontro da semana passada. Neste mesmo parágrafo o BC diz que apesar dessa queda do investimento, depois de um “período necessário” de ajustes, o ritmo da atividade tende a se intensificar. A instituição acrescenta ainda que essa recuperação ocorrerá na medida em que a confiança de empresas e famílias se fortaleça.
Para o BC, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. “Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial”, disse um trecho do documento. Ainda nesta parte, o BC reafirma que o cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real ante o dólar, segue no sentido de tornar o setor externo mais favorável ao crescimento da economia brasileira.
Subsídios de crédito
A ata do Copom repetiu o teor do documento anterior sobre o mercado de crédito. Os diretores voltaram a dizer que as reduções de subsídios para o crédito são “necessárias”, como na ata de março. Na de janeiro, ao tratar do tema, o colegiado avaliava que essas medidas seriam “oportunas”.
“Em outra dimensão, a exemplo de ações recentemente implementadas, o Comitê considera necessárias iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito”, trouxe o documento divulgado na manhã de hoje.
De acordo com a diretoria do Banco Central, o cenário central para a inflação leva em conta uma expansão moderada do crédito, o que já está sendo observado. “A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos, de outro, desalavancagem das famílias”, escreveram os membros do Copom.
Para eles, esse quadro permite a inferência de que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados.