A satisfação dos empresários do comércio varejista da região metropolitana de São Paulo com relação a situação dos estoques bateu recorde negativo em maio, atingindo a menor pontuação desde junho de 2011. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Estoques (IE) caiu 0,8% em maio ante abril, ao passar de 99,2 para 98,5 pontos. Em relação a maio de 2014, a queda foi de 13%. O indicador varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total), sendo a marca dos cem pontos o limite entre inadequação e adequação.
“O Natal foi fraco, mas a formação de estoques foi pequena. Isso indicava que as pessoas pareciam estar preparadas para a crise. O problema é que o cenário está pior do que o previsto”, explicou o assessor econômico da entidade, Fabio Pina. Ele afirmou ainda que o mau desempenho na Páscoa e no Dia das Mães também contribuiu para a sensação de desconforto dos varejistas.
Segundo Pina, hoje os comerciantes paulistanos “vivem o pior dos mundos”, já que a distância entre aqueles que consideram os estoques acima ou abaixo do ideal chegou a 22,8 pontos porcentuais, nível também recorde e bastante acima da média, que é de 11 pontos porcentuais. “É uma má notícia para a indústria, pois indica uma demora na recuperação das encomendas do comércio”, afirmou.
De acordo com a pesquisa, o volume de empresários que em maio considerou o seu estoque elevado demais foi de 36,5%, volume que representa a terceira quebra de recorde consecutiva. Por outro lado, houve queda na proporção de empresários que avaliam seus estoques abaixo do adequado, passando de 14,6% em abril para 13,7% em maio. A tendência, segundo o economista, é de que agora os empresários caminhem para uma adequação nos níveis de estoque. “Mas é algo que leva tempo, você não ajusta estoque do dia para noite”, disse.
Para Pina, o fato de o varejo ter se “acostumado” com taxas elevadas de crescimento, puxadas pela nova classe média emergente, agrava a situação dos comerciantes. “É justamente esse grupo da população que tem sido mais severamente atingido pela alta de preços de itens básicos e pela redução da geração de postos de trabalho. Sendo assim, é muito pouco provável que haja recuperação no curto prazo, e, com isso, é muito plausível que as encomendas junto à indústria e as importações se mantenham em estado de subnutrição por um bom período”, afirmou.
Diante do cenário “pior do que o esperado”, a entidade já trabalha com a estimativa de que em 2015 a economia brasileira registre uma recessão “entre 1,5% e 2%” do Produto Interno Bruto (PIB). “E a queda de consumo em São Paulo pode chegar a 5%. Já tínhamos um cenário pessimista, mas acho que ele não estava tão diagnosticado pelos empresários”, afirmou.