Os bancos públicos foram os únicos a registrar aumento do estoque de crédito em abril sobre março, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Banco Central. Houve avanço de 3,2% no primeiro quadrimestre nesse segmento, para um total de R$ 1,674 trilhão. Apenas em abril, o crescimento foi de 0,4% e, em 12 meses, de 15,5%.
Nos bancos privados nacionais, a queda foi de 0,5% no mês. No ano até abril, houve baixa de 1,3% e, em 12 meses encerrados no mês passado, ainda é vista uma alta de 4,7%. Já nos estrangeiros, houve estabilidade de março para abril e elevação de 0,9% no ano até o mês passado. Em 12 meses, o avanço foi de 5,4%.
A inadimplência ficou praticamente estável em todos os tipos de bancos. Nas instituições oficiais foi de 2,3% em abril ante 2,2% no mês anterior. Já nas instituições privadas nacionais, a taxa passou de 3,9% para 4,0% e, nas estrangeiras, o calote aumentou no período de 2,9% para 3,1%.
As provisões não se alteraram de março para abril, de acordo com o BC. No mês passado, os bancos públicos mantiveram a taxa de 3,8%, enquanto os nacionais privados ficaram em 6,8% e os estrangeiros em 5,2%.
BNDES
De acordo com BC, os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas recuaram 1,1% de março para abril, somando um total de R$ 605,445 bilhões. No primeiro quadrimestre, a expansão está em 1,7% e, em 12 meses, de 14,1%.
Em abril, houve recuo de 4,5% nas linhas de capital de giro (para R$17,692 bilhões), de 1,0% no financiamento ao investimento (para R$ 576,138 bilhões) e de 1,5% nas modalidades para o setor rural (R$ 11,615 bilhões) por parte do banco de desenvolvimento.
Para pessoas físicas, o crédito do BNDES avançou 0,2% em abril, para R$ 45,152 bilhões. As altas no ano até o mês passado e em 12 meses foram de, respectivamente, 4,6% e 14,1%.
Arrefecimento
De acordo com Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, houve realmente um arrefecimento do crescimento do crédito em abril. De acordo com dados da instituição, o aumento do estoque de março para o mês seguinte foi de apenas 0,1%. “O comportamento do crédito é consistente com o ciclo de política monetária”, considerou o técnico. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano e a expectativa é a de que seja feita uma nova elevação da taxa na semana que vem, para 13,75% ao ano.
Maciel lembrou que em igual período do ano passado, o avanço do estoque foi de 0,7%. “Não é uma questão sazonal, é o que eu quero dizer”, salientou. Ele comentou também que a valorização do dólar em abril contribuiu para que o aumento do estoque do crédito fosse menor. Não fosse alta da moeda americana, a expansão do estoque de crédito em abril seria de 0,3% a 0,4%. Isso porque, de acordo com o técnico, a valorização do dólar contribui para que o aumento do estoque fosse menor em função de algumas carteiras estarem atreladas a essa moeda.