Assim como a aceleração dos Índices Geral de Preços a partir de março se deu em decorrência do efeito da alta do câmbio, o arrefecimento registrado nas últimas quatro leituras está diretamente relacionado à queda recente na cotação do dólar ante o real.
A avaliação é do superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, ao comentar os resultados de maio do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). O indicador registrou alta de 0,41%, após avançar 1,17% em abril. “O câmbio é o grande, mas não o único responsável pela desaceleração do IGP-M de maio”, disse.
Quadros destaca que o dólar teve uma valorização de 20% ante o real entre fevereiro e março e levou os IGPs a atingirem o pico em abril (alta de 1,27% no IGP-10 de abril). Agora, os índices estão acompanhando o arrefecimento do câmbio. “Não havia uma nova pressão e, assim com o câmbio, os IGPs também perderam força”, afirmou o especialista.
Segundo ele, no caso dos preços das commodities também influenciaram para a redução de preços a perspectiva de boas safras, como confirmado no Brasil após o fim da colheita da soja, e as expectativas positivas em outras regiões produtoras do mundo.
Estes fatores, no entanto, não serão suficientes para reproduzir, em 2015, o movimento de deflação por quatro meses consecutivos registrado em 2014. “Não vamos ver nada parecido. No ano passado, houve supersafra de grãos após um ano ruim, neste ano, dificilmente vai se ter este quadro, mesmo que se tenha safras boas”, pontuou.
Quanto à taxa do IGP-M acumulada em 12 meses, Quadros ressalta que a trajetória deve ser de alta. A elevação acumulada está em 4,11%, o primeiro resultado acima de 4% desde setembro de 2014. “Neste momento, não temos nenhum fator de alta intensidade que nos aproxime de uma trajetória (de queda) como a de deflação em 2014”, afirmou. “Por isso, a taxa em 12 meses deve acelerar, tirando do indicador o efeito da deflação do ano passado”, concluiu Quadros.