O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deve acelerar e fechar junho com uma alta ao redor de 0,60%, na comparação com 0,72% apurada em maio, estima o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Se a taxa for confirmada, será maior que a de 0,33% verificada no sexto mês do ano passado.
A expectativa do economista da FGV é que a sazonalidade favorável do período limite pressões já encomendadas dos reajustes recentes de água e esgoto na capital paulista e de loterias no País, além das dúvidas sempre presentes em relação ao grupo Alimentação. “Todo ano a sazonalidade ajuda. Em junho começa a fase tradicional de desaceleração. O índice deve recuar, mas nem tanto. Na ponta (pesquisa mais recente), alguns alimentos já voltaram a pressionar. Tem aumento de água em São Paulo e das loterias, cujo impacto ainda não foi pleno”, disse, ao referir-se à variação expressiva de 20,62% em jogo lotérico no IPC-S de maio, após estabilidade em abril, por causa do reajuste feito recentemente.
A despeito da estimativa de que o IPC-S desacelere de 0,72% para 0,60% no sexto mês deste ano e de aguardar influências menos expressivas de energia elétrica, Picchetti observou que os preços livres ainda estão bastante contaminados e elevados. “A saída do impacto de energia é fator importante, mas, no geral, a desaceleração esperada não é tão grande. Em junho do ano passado foi 0,33%”, considerou.
Com a alta de 0,72% em maio, o IPC-S acumulou alta de 8,63% nos últimos 12 meses e de 5,55% neste ano. A taxa anual é superior à de 3,85% apurada em igual período de 2014, como destacou Piccheti, o que mostra o quadro de pressão inflacionária maior agora. Por isso, o economista revisou para cima a projeção do índice fechado de 2015 de 7,9% para 8,1%. “Embora não seja possível reverter o efeito elevado dos primeiros cinco meses do ano, a expectativa é que o grande impacto fique concentrado no primeiro semestre”, disse.
Para que essa projeção de 8,1% se concretize, Picchetti contou que a taxa média do IPC-S oscile na marca de 0,34%. “Se pegarmos os últimos sete meses de 2014, o nível médio ficou superior a isso, em 0,41%. Mas tudo isso reflete o fato de neste ano o acumulado (5,55%) é maior que o de 2014 (3,85%)”, disse.
De acordo com o economista, novas depreciações do câmbio e eventuais reajustes fora do esperado no setor de energia elétrica são riscos para que o IPC-S termine este ano com uma taxa acima da esperada, de 8,1%. “Apesar de neste ano os impactos da alta do dólar ante o real sobre os preços estarem menores em relação ao passado, por causa da atividade, é um efeito que pode se intensificar à medida que os EUA sinalizarem claramente quando os juros voltarão a subir por lá, o que tende a provocar um novo choque. Sem falar de novos reajustes que podem vir de administrados”, citou.