Especialistas ouvidos pela reportagem consideram que o plano de monitoramento não resolve os problemas apontados no primeiro parecer apresentado pela Fundação Florestal.
“O documento original emparedava todo o licenciamento ao mostrar as deficiências técnicas do estudo de impacto ambiental, que não trazia propostas de ação mitigadora. Só monitorar e suspender ocasionalmente a captação não resolve a ausência de mitigação à fauna e à flora que serão afetadas pela penetração da cunha salina”, afirma Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, especialista em impacto ambiental.
Para Yara Schaeffer-Novelli, pesquisadora da Universidade de São Paulo e uma das principais especialistas em manguezais do Brasil, as pressões ambientais estão sendo ignoradas.
Segundo ela, que assinou um manifesto com outros cientistas em fevereiro alertando para o caso, os manguezais dependem de uma determinada quantidade de água doce, que será reduzida com a transposição. “Isso vai reduzir a capacidade do mangue de produzir seus serviços, como fornecer alimento para peixes e caranguejos, afetando também os pescadores da região.
Ela afirma que, em vez de fazer o monitoramento por um ano, seria melhor aproveitar esse tempo para fazer um “levantamento de melhor qualidade” dos pontos que faltaram ao estudo de impacto ambiental.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.