Economia

Caixa reavalia expectativa para crédito em 2015

A Caixa Econômica Federal está refazendo suas contas para ajustá-las ao atual cenário macroeconômico e deve divulgar projeções mais tímidas de desempenho até julho, de acordo com Márcio Percival, vice-presidente de Finanças e Controladoria do banco. “Estamos desacelerando o crédito e construindo o novo guidance para 2015 em função das mudanças macroeconômicas. A expectativa de PIB caiu, o desemprego cresceu, a renda caiu, a taxa de juros subiu. Essas mudanças vão ter um impacto no mercado de crédito”, diz Percival.

A nova projeção, contudo, deve ser menor, impactada pelo cenário atual. O guidance divulgado pela Caixa ao final do ano passado indicava crescimento de 14% a 18%. No primeiro trimestre, a carteira do banco cresceu 20,1% em 12 meses e 3,2% no comparativo trimestral, totalizando R$ 624,433 bilhões.

Apesar de restringir e elevar os juros no crédito imobiliário, o segmento foi um dos principais motores para o crescimento dos empréstimos. Foi identificada elevação de 24,6% no primeiro trimestre ante um ano e de 4,2% no trimestre, para R$ 354,229 bilhões.

A Caixa, conforme Percival, está avaliando as mudanças anunciadas na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central. Segundo ele, tais alterações trazem um alívio de R$ 7 bilhões em relação ao FGTS e outros R$ 10 bilhões com a flexibilização dos depósitos compulsórios.

As contratações de crédito imobiliário na Caixa cresceram 2,5% no primeiro trimestre ante um ano, para R$ 27,1 bilhões. “Estamos replanejando nossas expectativas. As contratações devem permanecer estáveis em relação ao ano passado ou serem um pouquinho menos”, afirma o vice-presidente de Habitação da Caixa, Teotonio Costa Rezende.

Nas pessoas físicas, os empréstimos cresceram 12,9% em um ano e 3,6% ante o quarto trimestre de 2014, para R$ 97,375 bilhões. A carteira para pessoa jurídica apresentou expansão de 0,7% e queda de 1,3%, respectivamente, para R$ 95,015 bilhões.

De acordo com Percival, a Caixa espera contratar até o final do ano R$ 100 bilhões para pessoa física, sendo R$ 20 bilhões em consignado, que está sendo reforçado, e R$ 95 bilhões para pessoas jurídicas, com capital de giro respondendo por R$ 45 bilhões. Além de esses números já serem mais conservadores que no ano passado, segundo ele, no processo de revisão de guidance podem ser revisados para baixo.

Para infraestrutura, a Caixa espera desembolsar R$ 34 bilhões em crédito ante R$ 33 bilhões no ano passado e outros R$ 3 bilhões por meio de operações no mercado de capitais, conforme Percival. No primeiro trimestre, as operações de saneamento e infraestrutura somaram R$ 60,1 bilhões, crescimento de 51% em relação ao mesmo período do ano anterior e 6,0% no trimestre.

O vice-presidente de Finanças e Controladoria minimizou possíveis problemas em relação a um atraso na divulgação do primeiro trimestre de 2015 por conta de exigências de auditores e do Banco Central. “O balanço passou pelo processo normal aprovação e fechamento. Não tivemos nenhum problema. Correu dentro do nosso processo de trabalho e da normalidade”, garante ele.

A Caixa anunciou lucro líquido de R$ 1,548 bilhão no primeiro trimestre, aumento de 2,5% em um ano, mas retração de 14,2% ante os três meses anteriores. Os ativos totais do banco foram a R$ 1,078 trilhão, aumento de 18,5% e 1,3%, nesta ordem. O patrimônio líquido somou R$ 62,338 bilhão, elevações de 79,7% e 0,4%. O retorno caiu 9,92 pontos porcentuais em um ano, para 13,72% e 1,51 p.p. no comparativo trimestral.

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