Economia

Tsipras diz que proposta de acordo dos credores foi uma surpresa desagradável

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, afirmou que o esboço de proposta de acordo apresentado ao país por seus credores internacionais foi uma “surpresa desagradável” e que esperava que ela fosse retirada rapidamente.

“O governo grego não irá se curvar a demandas irracionais”, disse o premiê durante discurso no Parlamento grego, acrescentando que as propostas dos credores eram “um mau momento para a Europa”.

Ele disse, porém, acreditar que um acordo final na negociação está mais perto do que nunca. “Não apenas a Grécia, mas a Europa também está ficando sem tempo”, avaliou, acrescentando que está claro que ninguém quer uma ruptura.

Tsipras convocou uma sessão parlamentar emergencial para informar aos partidos políticos sobre a luta do país para obter um acordo com os credores, em meio ao crescente descontentamento de seu esquerdista Partido Syriza sobre as demandas de novas medidas de austeridade dos credores.

O premiê disse que os parlamentares gregos não podem votar por mais cortes nas pensões e por altas no imposto sobre valor agregado nas contas de luz, após cinco anos consecutivos de recessão. Essas medidas haviam sido incluídas no rascunho entregue aos credores, no fim da quarta-feira, durante uma reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Tsipras repetiu hoje que a contraproposta grega é a única viável. Segundo ele, o governo grego quer que o acordo inclua uma solução viável para a reestruturação da dívida e acrescentou que o Parlamento grego irá determinar o restabelecimento de salários mínimos no país.

O discurso é realizado um dia após o governo grego optar por atrasar pagamentos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), reunindo todas as dívidas que vencem neste mês em apenas um pagamento. Esse movimento causou nervosismo nos mercados globais.

Autoridades gregas disseram que o anúncio surpreendeu muitos no bloco europeu. “Ninguém estava esperando isso”, disse uma fonte da União Europeia. “Foi uma decisão política, não técnica”, avaliou, dizendo que ela “não foi bem-recebida”.

Vários membros do gabinete de governo de Tsipras culparam a zona do euro e o FMI pelo impasse. Muitos dos congressistas do Syriza pediram que o governo convoque eleições antecipadas, caso os credores não suavizem os termos do acordo. Segundo uma pesquisa de opinião divulgada nesta sexta-feira, 74% dos gregos apoiam firmemente o euro e quase 50% defendem que o governo chegue a um acordo com os credores. A pesquisa Alco foi feita para o site de notícias Newsit e concluiu que 47% discordavam da maneira como o governo negocia, enquanto 39% concordavam. Fonte: Dow Jones Newswires.

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