O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira, 24, que a economia global continua em recuperação gradual impulsionada pelos Estados Unidos, o que tem contribuindo para a valorização do dólar americano frente a varias moedas.
“O EUA se consolidam como principal motor da economia mundial no momento”, afirmou, durante apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Segundo ele, o conjunto de indicadores econômicos daquele País dá suporte para eventual aumento da taxa de juros americana que, “quando ocorrer deverá ser gradual”.
Sobre a economia europeia, Tombini avaliou que os indicadores mais recentes do continente mostram um cenário melhor do que expectativas feitas há alguns meses, mas a situação da Grécia ainda gera preocupação. A China continua trajetória de desaceleração moderada, acrescentou.
“Já as economias emergentes tem apresentado perda de dinamismo, afetadas pelo processo de normalização das condições monetárias nos EUA desde 2013 e a queda no preços das commodities”, disse Tombini. “A queda dos preços das commodities é uma nítida tendência desde 2011. Começou com as agrícolas e metálicas, e desde meados de 2014 também no petróleo”, completou.
Segundo o presidente do BC, os preços das commodities desses três grupos se retraíram entre 40% e 60% em relação ao pico observado nos últimos anos pós-crise financeira global. “Isso impacta economias emergentes que em geral são exportadoras de commodities”, acrescentou.
De acordo com Tombini, assim como a economia mundial se encontra em recuperação desigual, a condução das politicas monetárias também tem sido desigual. “A Europa e o Japão estão ampliando estímulos monetários, o que deve suavizar efeitos da política americana”, avaliou.
Para ele, um movimento que chama atenção é fortalecimento do dólar, que tem ocorrido contra varias moedas, alcançando maior patamar nos últimos 12 anos. “O Dólar Index teve valorização de 21% nos últimos 12 meses. A valorização do dólar é global e tem impacto inclusive nos EUA”, completou.
Swap
O presidente do BC disse ainda que as condições da atual política da autoridade monetária de realização de operações de swap cambial no montante de US$$ 100 milhões por dia, as chamadas “rações diárias”, “não ensejam qualquer necessidade de reversão das posições”.
“Temos condições de renovar as operações no curto e médio e prazo. O estoque até o momento já atende a demanda por proteção cambial da economia brasileira”, afirmou. Tombini avaliou que o programa de swaps cambiais do BC tem atingido “plenamente” seu objetivo.
“Em funcionamento desde agosto de 2013, o programa tem oferecido proteção contra mudanças abruptas na taxa de câmbio”, afirmou. No início, a autoridade monetária ofertava US$ 2 bilhões em contratos de swap por semana.
Segundo ele, monitoramento realizado pelo BC para verificar para onde está canalizada essa proteção cambial mostra que mais de 80% dela está alocada por empresas não financeiras e por investidores não residentes no País. O restante está com instituições financeiras ou fundos de investimentos, relatou.
“O programa tem importante papel no âmbito da estabilidade financeira num momento de normalização das condições monetárias nos EUA e suas repercussões na economia global”, disse Tombini. “Os US$ 114 bilhões em contratos de swap até agora correspondem a 30% das reservas internacionais do Pais. Dentro dos parâmetros de risco e retorno, representa também um instrumento de suavização dos efeitos decorrentes dos movimentos de cambio no balanço do Banco Central. Os swaps não representam comprometimento das reservas, uma vez que são liquidados em reais”, explicou.