Com revisões do Produto Interno Bruto (PIB) pela nova metodologia adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB potencial do Brasil subiu de 1,5% para 2%, comentou Vinicius Botelho, pesquisador do IBRE-FGV. O IBGE fez revisões sobre os resultados do PIB de 2010 (de 7,5% para 7,6%), de 2011 (de 2,7% para 3,9%), 2012 (de 1,0% para 1,8%) e 2013 (de 2,5% para 2,7%). O PIB de 2014 foi divulgado nesta sexta-feira, 27, e registrou leve alta de 0,1%.
“Com um PIB potencial maior, na avaliação atual, num contexto de economia em recessão, sobe a probabilidade de ocorrer a desinflação apontada pelo Banco Central de 2015 para 2016”, comentou Botelho. No relatório de inflação de março, o cenário de referência apontado pelo BC mostrou que a projeção era de que o IPCA subirá 7,9% neste ano, mas deve desacelerar para uma alta de 4,9% em 2016.
Segundo ele, sobem as chances de a inflação no segundo semestre já registrar um movimento pouco mais expressivo de redução do que o previsto hoje em função de vários fatores, em especial a piora do mercado de trabalho e redução dos ritmo dos ganhos reais dos salários. Ele estima que o IPCA subirá 8,2% neste ano e 6,1% no próximo.
De acordo com o pesquisador do IBRE-FGV, além da nova metodologia alterar os pesos da participação de Indústria, Agropecuária e Serviços na composição do PIB, também ocorreram outras mudanças. Uma delas é uma estimativa mais precisa do valor adicionado gerado pela construção civil, especialmente pelo setor informal. “Com ocorre um avanço do valor adicionado da construção, isso reforça a Formação Bruta de Capital Fixo. Neste contexto, nossa projeção de queda da FBCF de 8% para este ano deve baixar para uma retração de 6%”, comentou.
Na avaliação de Botelho, a partir dos dados divulgados pelo IBGE, é possível constatar que o PIB neste ano receberá um impulso mais favorável do nível de atividade apurado em 2014, o que é conhecido por carregamento estatístico ou carry over em inglês.
Antes, ele previa que o carry over do ano passado para 2015 seria de 0%, sobretudo porque esperava uma retração do PIB de 0,2% no quarto trimestre ante o anterior. Com a alta de 0,3 do PIB entre outubro e dezembro, na margem, divulgada hoje, a herança estatística deve ter ficado em 0,3%. “Avaliávamos que o PIB deste ano deveria cair perto de 1,5%. Com o carry over favorável, essa retração da economia para 2015 deve ficar entre 1,1 e 1,2%”, disse.
Fundamentos
Já o economista da Western Asset, Adauto Lima, a alta de 0,1% no PIB em 2014 não muda os fundamentos econômicos nem a história de 2015. Ele afirmou que o resultado surpreendeu apenas por conta da nova metodologia usada pelo IBGE.
Lima observou que a dinâmica do segundo semestre de 2014 foi melhor que o esperado. Ele argumentou também que a melhora do PIB em 2016 vai depender principalmente do ajuste na economia neste ano.
Apesar de o FBCF ter registrado queda, não será esse dado o preponderante para o crescimento econômico em 2017 e 2018. O principal será o comportamento da produtividade. Para ele, o maior crescimento do PIB em 2017 e 2018 vai depender de melhora na produtividade em todos os setores.