Depois de tentativa frustrada de se unir ao laboratório mineiro Hermes Pardini, no ano passado, em uma operação costurada pela gestora Gávea Investimentos, o Grupo Fleury, uma das maiores companhias de medicina diagnóstica do País, voltou a negociar a entrada de um investidor para o seu negócio.
Gestoras nacionais, como a Tarpon, e estrangeiras, como Advent, KKR, além da Temasek, empresa de investimento do governo de Cingapura, e do fundo soberano do mesmo país, o GIC, estariam em conversas com a Core Participações, maior acionista do Fleury, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
Essa não é a primeira vez que os acionistas do Fleury tentam se desfazer de suas participações. Além das negociações fracassadas com o Gávea, fundos, como o Temasek, já tentaram entrar na empresa em 2009. Agora, embora as conversas sigam firmes, não há previsão de se concluir o negócio no curto prazo, dada a intrincada composição acionária da holding, que controla o Fleury.
A Core reúne 23 médicos e uma administradora de empresa e detém 41,2% de participação direta e indireta na companhia. Esse grupo é composto, em sua maioria, por acionistas com idade média acima de 60 anos. Parte deles já não estaria mais interessada em se manter no negócio, mas precisa chegar a um acordo sobre as condições de venda. No bloco de controle, além da Core, está o Bradesco Seguros, com participação direta e indireta de 10,4%.
Em fevereiro, a Core informou que “analisa oportunidades estratégicas”, como a entrada de um sócio minoritário, mas que não tem interesse em vender o controle, como em 2014. A holding é assessorada pelo JP Morgan e pela Inspire Capital Partners, que conversam com os possíveis interessados. Fontes afirmam que pelo menos metade da fatia da Core será colocada à venda.
A Tarpon é a gestora que está em conversas mais avançadas com Fleury. Eles podem entrar sozinhos no negócio, mas não descartam se unir com fundos de pensão do Canadá e fundos soberanos para fazer uma oferta mais robusta e tornar o Fleury seu braço de negócio em saúde, assim como fizeram com a Abril Educação, disseram duas fontes. Procurados, Tarpon e GIC não retornaram os pedidos de entrevista. Advent, KKR e Temasek não comentam o assunto.
Desconfiança
Com valor de mercado avaliado em R$ 2,8 bilhões, as ações do Fleury acumulam valorização de 11,7% neste ano. Mas os papéis da companhia foram castigados nos últimos meses, com a desconfiança do mercado em relação às incertezas sobre as mudanças no controle acionário da companhia. Na sexta-feira, as ações da empresa fecharam a R$ 18. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que investidores podem fechar um acordo pagando um prêmio de 10% sobre as ações.
“O negócio Fleury é muito bom e tem potencial para crescer, mas ainda há dúvidas sobre o comportamento dos acionistas da Core. No ano passado, eles estavam dispostos a se desfazer do controle. Agora, querem vender fatia minoritária”, disse Caio Moreira, analista do Banco Fator. “A empresa tem conseguido bons resultados nos últimos meses, mas é preciso entender qual o parceiro estratégico que eles querem”, afirmou Victor Falzoni, analista do Banco Plural.
Em entrevista ao jornal, o presidente do Fleury, Carlos Marinelli, afirmou que os executivos da empresa ficam de fora das negociações da possível venda de participação da companhia. “Meu trabalho aqui é buscar maior rentabilidade do negócio, que tem crescido nos últimos meses.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.