Os juros futuros terminaram com taxas em queda nesta segunda-feira, 30, desfeito o mal-estar causado por declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, divulgadas no sábado. Nesta tarde, a presidente Dilma, após cerimônia de entrega de imóveis do Minha Casa Minha Vida, no Pará, saiu em defesa do ministro, dizendo ter certeza de que ele foi mal interpretado em sua fala. As afirmações de Dilma, juntamente com comentários de Levy sobre o assunto feitos também nesta segunda-feira em almoço com empresários, abriram espaço para os mercados devolverem a aversão a risco embutida nos negócios mais cedo.
Os juros futuros passaram a cair no início da tarde e confirmaram o sinal de baixa ao término da sessão regular. O declínio foi mais expressivo nos contratos de médio e longo prazos, enquanto os curtos encerraram perto dos ajustes da sexta-feira. O DI julho de 2015 (63.500 contratos) fechou em 13,050%, de 13,049%, e o DI janeiro de 2016 (177.985 contratos) passou de 13,58% para 13,59%. O DI janeiro de 2017 (224.195 contratos) terminou em 13,47%, de 13,53%. O DI janeiro de 2021 ficou em 13,06%, de 13,12%, com 108.995 contratos.
Os juros começaram o dia em alta, com a tendência externa sendo reforçada pelas preocupações domésticas relacionadas ao futuro do ajuste fiscal após o vazamento das declarações do ministro. Levy afirmou, na última terça-feira, em evento fechado para alunos da Universidade de Chicago, que a presidente Dilma demonstra um “desejo genuíno” de acertar, mas não o faz “da maneira mais fácil” e “efetiva”, segundo portal da Folha de S.Paulo. Para os investidores, parlamentares poderiam usar a fala como moeda de troca para afrouxar as medidas de ajuste que dependem de aprovação do Congresso. O Senado pode votar em regime de urgência um projeto de lei que determina um prazo de 30 dias para o governo regulamentar a mudança de indexador de correção da dívida dos Estados e municípios.
No início da tarde, a alta dos juros começou a perder força e as taxas passaram a registrar queda, na esteira de esclarecimentos da presidente Dilma sobre o assunto. Em Capanema (PA), Dilma disse que o ministro da Fazenda foi mal interpretado. “Não tenho o que falar sobre Levy. O que o Levy falou está dentro de um contexto. Se você pegar fora do contexto, vai entender distorcido”, afirmou a presidente. Segundo Dilma, Levy ficou “bastante triste” com a interpretação que foi dada a sua fala e explicou “exaustivamente” o ocorrido.
Em almoço com empresários, Levy, por sua vez, disse que “pegaram” o segundo período da fala dele para se criar um “banzé”. “As pessoas podem pegar trecho relevante da minha fala para criar um banzé”, disse, reiterando que o que afirmou durante a palestra é que a presidente Dilma tem interesse genuíno de resolver as coisas. O ministro declarou ainda que existe uma grande afinidade entre ele e Dilma. Segundo Levy, a presidente está trabalhando para endireitar o Brasil e o governo promove agendas sobre quais existe grande consenso. “Houve um pouco de mal-entendido, mas a confiança mútua é muito sólida”, comentou. “Nós somos um time liderado pela presidente e estamos jogando junto”, acrescentou.
Como destaque a agenda do dia trazia a divulgação do resultado primário do Governo Central de fevereiro, às 14h30. Porém, faltando 15 minutos para o horário marcado, o Ministério da Fazenda informou que a divulgação foi transferida para amanhã, às 8h30. Em seguida, o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, dará entrevista, às 9 horas. A Fazenda informou que uma alteração na agenda interna do secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, causou o adiamento da divulgação. Segundo pesquisa do AE Projeções, as estimativas vão de déficit de R$ 5,900 bilhões a superávit primário de R$ 3,000 bilhões, o que gerou mediana positiva de R$ 200 milhões.
Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o IGP-M de março avançou de 0,27% em fevereiro para 0,98%, acima da mediana de 0,93% das previsões, que iam de 0,86% a 1,06%. O indicador, no entanto, foi apenas monitorado, não chegando a influenciar o comportamento das taxas.