A Justiça decretou a prisão temporária, por 30 dias, de Adolfo Gabriel de Souza, de 38 anos, suspeito de fazer parte do grupo que matou o dentista Wellington Silva, de 39 anos, em Pirituba na madrugada deste sábado, 6. Ele ainda não havia sido localizado pela Polícia até às 16h dessa terça-feira, 9.
Souza seria o dono do veículo em que estavam os rapazes que picharam a casa do dentista. Imagens de uma câmera de segurança obtidas por investigadores do 33º Distrito Policial (Vila Mangalot) mostram que cinco homens saíram do carro com bebidas e tintas de spray. Depois de picharem o muro e deixarem o local, o pai de Silva vai atrás dos rapazes com um facão e, segundo depois, é seguido pelo filho.
Ainda não há informações sobre os outros suspeitos. A polícia tenta identificá-los por meio dos grafites feitos na parede, que costumam ser característicos de cada pichador.
Na tarde desta terça-feira, 9, a advogada da família da vítima, Sandra Cristina Rangon, disse que foram entregues novas evidências à polícia e que pelo menos outros dois pichadores já foram identificados por eles. “A família recebeu denúncias anônimas de onde eles estavam e quem eram essas pessoas”, disse ela. Ela afirmou ainda que Manoel Silva, pai da vítima, passou mal e hoje foi ao médico, mas não deu detalhes de seu estado de saúde. “Eles estão muito abalados e querem resolver tudo o quanto antes. Querem ficar sossegados”, disse.
Histórico
Ao sair de casa, com um facão na mão, o pai do dentista, Manoel Silva, de 76 anos, viu que o muro de sua casa estava pichado e relatou ter visto um grupo de oito a dez pessoas bebendo, entre elas uma mulher, com latas de spray na mão. “Fui tirar satisfação”, disse à reportagem. Os homens começaram a agredi-lo, segundo ele, com “paus, pedras e até tijolos”. O filho viria em seguida para ajudá-lo, mas também foi agredido.
Na versão do primeiro boletim de ocorrência registrado, Manoel disse ter acertado um golpe de facão no braço de um dos homens. Em uma segunda versão – e ao jornal O Estado de S. Paulo -. ele negou a agressão com a arma e disse que apenas se defendeu. O facão, segundo ele, foi levado pelos agressores.
Manoel relatou à polícia ter ficado desacordado após os golpes e, ao retomar os sentidos, viu o filho caído. O irmão do rapaz chamou a polícia por volta das 3 horas, e o dentista foi encaminhado a um pronto-socorro em Pirituba, mas não resistiu aos ferimentos. O médico que o atendeu registrou o caso como “politrauma grave por agressão física”. No 33º DP, o registro foi de homicídio e lesão corporal.
“Estou arrasado. Minha relação com o Wellington não era de pai para filho. Era de melhores amigos. Não havia segredos entre nós, a gente se dava muito bem”, disse o pai, com uma das mãos enfaixada e o rosto inchado.
Na manhã desta segunda-feira, 8, ele era consolado por vizinhos e conhecidos, que não paravam de chegar na porta de sua casa. “Meu filho era muito conhecido. Todos eram clientes no consultório que ele trabalha”, disse Manoel. “Eu só queria ter tido mais tempo com ele.” Segundo o pai, o velório do rapaz ocorreu neste domingo, 7.
Uma vizinha, que pediu para não ser identificada, relatou ter acordado com os gritos durante a briga. “A rua é muito movimentada, então ninguém deu muita importância. Mas a mãe dele (do dentista) ligou meia hora depois e disse que tinham matado ele”, contou.
Versões
O caso foi registrado em dois boletins de ocorrência diferentes. No primeiro, os policiais afirmam que foram acionados por um irmão de Wellington Silva para atender a uma tentativa de roubo em sua casa. Ele disse aos policiais que o pai havia ouvido um barulho no quintal e que oito indivíduos estariam dentro de casa.
Quando chegaram à residência, os policiais não encontraram sinais de arrombamento e nenhum objeto roubado. No dia seguinte ao episódio, novo boletim de ocorrência foi registrado, desta vez narrando a perseguição de Silva aos pichadores.