Economia

Após queda dos ativos, Barclays e BNP veem oportunidades em renda fixa no Brasil

Ativos brasileiros perderam tanto valor nos últimos meses que começam a surgir oportunidades. A avaliação é de gestores europeus que reavaliam neste momento as carteiras de investimento para o segundo trimestre de 2015. As oportunidades estão especificamente na renda fixa, dizem gestores do britânico Barclays e do francês BNP Paribas.

Em Londres, os gestores do Barclays destacam que o segundo trimestre começa com oportunidades no mercado de dívida emergente em moeda local. “No mercado de dívida local, nós vemos espaço para compras sem hedge especialmente onde o prêmio de risco está alto ou pode diminuir mais à frente”, dizem os analistas da casa em relatório de realocação de ativos. Entre as opções, o banco cita a dívida em rupia indiana, rupia indonésia, bath tailandês, real brasileiro e peso mexicano.

“No Brasil, nós acreditamos que a recente onda vendedora na moeda local oferece um atrativo ponto de entrada para uma posição de longo prazo. Além disso, a perspectiva de recessão da economia neste ano e o limitado impacto da depreciação cambial na inflação podem fazer com que o Banco Central não suba tanto o juro ou por tanto tempo como o mercado atualmente precifica”, dizem os analistas do Barclays.

Sobre a dívida em moeda forte, o Barclays tem estratégia mais cautelosa. A instituição reconhece que os spreads pagos na dívida de países como Brasil e Rússia aumentaram na comparação com papéis de economias desenvolvidas. Mesmo assim, sugerem cautela. “Em créditos mais arriscados, incluindo a Rússia e o Brasil, somos mais cautelosos mesmo o retorno parecendo atrativo”. Em contrapartida, o Barclays sugere compra da dívida do México, Hungria e Indonésia em moeda forte, como os papéis emitidos em dólar dos Estados Unidos ou euro.

Dívida corporativa

O BNP Paribas dedicou atenção especialmente à dívida corporativa e entende que há oportunidades no País em algumas empresas mesmo com o ambiente econômico desfavorável no Brasil. “Nós esperamos relativa resiliência de empresas como a Cielo e companhias do setor de papel e celulose, como a Fibria, Suzano e Klabin”, diz o relatório trimestral de realocação de ativos.

Os gestores do banco francês destacam que o setor de papel e celulose vai se beneficiar pelo real fraco e não enfrentará dificuldade em caso de problema no fornecimento elétrico, já que geralmente são empresas com fontes próprias de eletricidade. O BNP também lista positivamente empresas com grande parte da receita gerada por exportações ou filiais no exterior, como a Gerdau e Tupy.

Gestores do banco francês reconhecem que o segundo trimestre será um “período crucial” para a Petrobras – já que a empresa deve publicar o balanço do ano passado para evitar mais problemas com credores. Mesmo com o ambiente conturbado, o BNP Paribas vê oportunidade na dívida da Petrobras com vencimento em 2019 e sugere migrar de títulos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com vencimento em 2019 para papéis da petroleira com igual vencimento.

Essa sugestão de troca acontece porque o BNDES tem grande exposição acionária e de crédito à Petrobras, diz o banco francês. Por outro lado, a dívida da estatal oferece retorno bem superior ao observado há poucos meses. Mesmo assim, a instituição sugere cautela com a operação e ressalta que é um investimento de curto prazo, com horizonte de no máximo três meses.

Posso ajudar?