Logo após o anúncio da reforma ministerial que contemplou o PMDB com sete pastas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou nota rechaçando as denúncias de que ele teria contas ilegais na Suíça e voltou a atacar o governo e o partido da presidente Dilma Rousseff, o PT. Para Cunha, ele está sendo vítima de uma divulgação seletiva e a série de escândalos “foi patrocinada pelo PT e seu governo”. “Refutamos a tentativa contínua de transformar o presidente da Câmara no principal foco da investigação”, diz o texto, assinado pela assessoria de imprensa de Cunha.
A nota reafirma o teor de outro comunicado divulgado por ele, no dia 20 de agosto, quando Cunha disse estranhar a ausência de investigação contra membros do PT e do governo e que a divulgação seletiva de notícias tinha como objetivo constrangê-lo. “É muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado”, escreveu. “À evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobras”, repetiu.
Cunha diz ainda que “causa muita estranheza” a divulgação seletiva de notícias visando constrangê-lo, “em contrapartida ao silêncio sobre fatos graves que não foram objeto de divulgação alguma”.
Cunha não mencionou, entretanto, que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, também está sendo investigado com base na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Em delação premiada na Operação Lava Jato, Pessoa disse ter feito doações a campanhas política com recursos oriundos de propina. O Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal investigam as denúncias.
O documento informa ainda que Cunha continuará “absolutamente tranquilo” realizando o seu trabalho. “O presidente continua absolutamente tranquilo realizando seu trabalho com a mesma lisura e independência, confiando plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal”, completa.
A informação de que Cunha teria empresas de fachada foi repassada pelo Ministério Público suíço à Procuradoria-Geral da República. Autos de uma investigação contra o peemedebista foram encaminhados anteontem para as autoridades brasileiras. A Suíça já congelou cerca de US$ 5 milhões em quatro contas bancárias cujos beneficiários são o presidente da Câmara e seus parentes. Auditoria interna do banco que guarda esses valores – cujo nome não foi divulgado – foi responsável pelo informe que levou à abertura da ação criminal contra Cunha no país europeu por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.