Mesmo com datas comemorativas importantes para o varejo nos próximos três meses, como Dia das Mães, apenas 46,6% dos consumidores pretendem realizar compras de bens duráveis no varejo, no período de abril a junho. O resultado é o pior desde 2004, quando apenas 45,1% dos consumidores pretendiam realizar compras no período.
Os números divulgados nesta quarta-feira, 08, fazem parte da pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Felisoni Consultores Associados e o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (IBEVAR).
Na comparação com as intenções de compras do primeiro trimestre deste ano, o número revelado para os meses de abril a junho é 3 pontos porcentuais menor, já que nos primeiros meses do ano 49,6% dos consumidores se diziam dispostos a compras. Já ante o segundo trimestre do ano passado, quando se registrou 53,2%, o índice apresenta queda ainda maior, 6,6 pontos porcentuais.
A pesquisa entrevistou 500 consumidores da cidade de São Paulo e avaliou a intenção de compra e de gasto em relação a diversas categorias de produtos (“Eletroeletrônicos”, “Informática”, “Cama, mesa e banho”, “Cine e Foto, Móveis”, “Telefonia e Celulares”, “Material de Construção”, “Linha branca”, “Vestuário e Calçados”, “Automóveis e Motos”, “Imóveis”, “Eletroportáteis” e “Viagens e Turismo”), avaliando também a utilização de crédito nas compras de bens duráveis.
A maioria das categorias apresentou redução na intenção de compras neste trimestre em relação ao mesmo período de 2014 com destaque para Eletroeletrônicos, com queda de 5,6%, e Vestuário e calçados (-4,6%). Na mesma base de comparação, somente três grupos apresentaram ligeira alta: “Material de Construção” (1,6%), “Imóveis” (0,8%), e “Informática” (0,4%).
A pesquisa mostrou ainda que o valor médio da expectativa de gasto com bens duráveis destes consumidores, R$ 2.311,00, também é menor que os valores do primeiro trimestre deste ano, R$ 2.577,00, e do segundo trimestre do ano passado, R$ 2.466,00.
Cenário
Com o cenário de inflação e juros em alta, uma maior preocupação da manutenção do emprego e uma disponibilidade menor da renda para consumo, a expectativa é que neste segundo trimestre as vendas no varejo caiam 1,5% na comparação com os três primeiros meses do ano, de acordo com estimativas do IBEVAR.
De acordo com o presidente do IBEVAR, Claudio Felisoni de Angelo, ainda é “muito difícil” fazer previsões para o ano, mas a trajetória de desaceleração nas vendas que vem ocorrendo desde dezembro de 2013 deve continuar. “Se houver uma recuperação no segundo semestre não será por conta do consumo, será por conta do investimento e as notícias para esse ano não são promissoras”, afirmou.
O executivo destacou ainda que as condições do ajuste fiscal proposto pelo governo devem dificultar ainda mais essa retomada. “As informações que circulam são de que 80% do esforço fiscal virá do bolso das famílias, então não há espaço para imaginar que o consumo pode se recuperar em 2015”, explicou.