A OAS, empresa citada nas investigações da Operação Lava Jato e atualmente em recuperação judicial, recebeu uma proposta da gestora canadense especializada em infraestrutura Brookfield pela sua fatia de quase 25% na Invepar, empresa que explora concessões na área de infraestrutura. O assunto foi tratado em reunião realizada nesta quarta-feira, 8, entre a companhia e o Petros, fundo de pensão dos funcionários Petrobras.
Há outros interessados na Invepar, que é dona de concessões como o aeroporto de Guarulhos e do metrô do Rio. Um deles é a GP Investiments. O responsável pelo grupo de private equity da GP, Eduardo Alcalay, confirmou hoje que também apresentou proposta à OAS pela sua participação de 25% na Invepar. “O interesse nós temos, mas depende dos desdobramentos do processo (de recuperação judicial da OAS), que ajuda porque dá mais segurança para os envolvidos, mas é mais lento, temos que esperar”, disse.
O diretor de investimentos da Petros, Licio da Costa Raimundo, disse que a proposta da Brookfield é a que está “mais avançada”, mas sem citar valores. O fundo de pensão é sócio da OAS na Invepar. Procurada, a Brookfield não comenta o assunto.
“Estamos alinhados com a OAS para que o ativo siga valorizado. Tudo caminha para termos uma solução em breve”, disse o diretor da Petros, que possui 25% da concessionária. Mas a venda vai depender de leilão a ser realizado dentro do processo de recuperação judicial.
Valorização
“Se olhar a evolução do ativo na nossa carteira, compramos em 2009 por cerca de R$ 390 milhões, e hoje está em R$ 2,7 bilhões”, disse Raimundo. “A empresa de 2009 para cá cresceu barbaramente e a nossa expectativa é de que continue crescendo. O que queremos é que o novo sócio perceba isso, que a empresa cresceu muito, mas ainda tem muito mais para crescer.”
Sobre a proposta da GP, Alcalay, executivo do grupo, não quis responder se a oferta foi feita em conjunto com outros interessados nem quis detalhar os termos da proposta. A participação da OAS é avaliada em cerca de R$ 2,7 bilhões. Além de OAS e Petros, também são sócios da companhia os fundos de pensão do Banco do Brasil, Previ, e o da Caixa, Funcef. Os sócios têm direito a cobrir a oferta que eventualmente for apresentada.
O diretor de investimentos do fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef), Maurício Marcellini, disse que o fundo de pensão da Caixa não exercerá seu direito de preferência sobre a participação da OAS porque já bateu o limite porcentual de participação por companhia. “Nossa parte (na Invepar) não está à venda”, foi taxativo.
Aporte
O diretor da Funcef, que participa do evento da ABVCAP, no Rio, afirmou ainda que a entidade ainda discute internamente se fará o novo aporte de R$ 200 milhões na OAS Empreendimentos, uma das empresas que entraram na recuperação judicial do grupo OAS.
“A empresa tem um plano de negócios a que está vinculado esse novo aporte e estamos analisando a viabilidade desse plano”, disse Marcellini.
O aporte deveria ter feito até março, mas foi suspenso diante da situação financeira da empresa, envolvida no escândalo descoberto pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A Funcef já tem uma exposição de R$ 200 milhões na empresa por meio de um fundo de participações que controla a OAS Empreendimentos.
O primeiro investimento foi feito no início do ano passado e a fundação se comprometeu contratualmente a aplicar outros R$ 200 milhões, em janeiro deste ano, prazo que foi estendido até 18 de março.
Sem crédito na praça e em difícil situação financeira, a OAS tentou vender sua fatia de 25% na Invepar para tentar se equilibrar financeiramente. Com uma dívida de R$ 8 bilhões, e credores acionando a empresa na Justiça, os investidores interessados em comprar a Invepar preferiram que a venda se desse por meio da recuperação judicial, pois desta forma não herdam nenhum passivo.
Oportunidades
Em relação a investimentos de infraestrutura, o diretor da Funcef admite que o modelo das empreiteiras nacionais foi posto em xeque, o que abre oportunidades. No caso da Funcef, entretanto, há restrições de capital para investimentos diretos no setor. A fundação já atingiu o limite com 11% do patrimônio líquido alocados em investimentos estruturados (FIPs e fundos imobiliários). “Estamos no limite. Para fazer novos investimentos dependo de desinvestimentos”.