A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal para investigar irregularidades na gestão do Teatro Municipal agendou para quarta-feira, dia 24, uma acareação entre três dos investigados pelo desvio de recursos da Casa. Foram convocados a participar o diretor artístico, maestro John Neschling, o ex-diretor-geral da Fundação Theatro Municipal, José Luiz Herência, e o ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC), William Nacked.
A proposta de reunir as pessoas citadas no esquema que teria desviado ao menos R$ 15 milhões dos cofres públicos foi aprovada na última reunião da CPI por unanimidade. Neschling já avisou os parlamentares que não pretende comparecer. O advogado que o representa, Eduardo Carnelós, afirmou que situações como a sugerida tendem a não acrescentar nada às investigações.
Os vereadores querem confrontar versões apresentadas pelos investigados. Réu confesso no esquema, Herência se comprometeu a devolver R$ 6 milhões que teriam sido desviados por ele. O ex-diretor, no entanto, afirma que não cometeu os crimes sozinho.
Segundo ele, Neschling e Nacked sabiam e participavam do esquema – eles negam, assim como o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Bruguglio Filho, também citado no acordo de delação premiada firmado por Herência com o Ministério Público Estadual.
Os parlamentares também intimaram a comparecer na data marcada o produtor argentino Valentin Proczynski, contratado para montar espetáculos no teatro; o cineasta Toni Venturi, responsável pela campanha publicitária encomendada pela Prefeitura por R$ 540 mil e posteriormente engavetada; e a escritora Patrícia Melo, mulher e sócia de Neschling.
É a segunda vez que a CPI envia intimação a Patrícia. Na semana passada, ela faltou à sessão. A escritora é dona de 99% da PMN, empresa pela qual o maestro recebe seu salário mensal, no valor de R$ 150 mil.
O presidente da comissão, Quito Formiga (PSDB), divulgou ontem agenda oficial da CPI. Os vereadores pretendem chamar à comissão o promotor responsável pela investigação e o ex-interventor do Municipal, Paulo Dallari, que pediu demissão do cargo por não concordar com a permanência de Neschling. O salário anual do maestro Neschling, que admitiu aos vereadores passar cerca de três meses por ano na Europa, é de R$ 1,8 milhão.