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PMDB e PSDB se unem pela 1ª vez em Fortaleza desde a redemocratização

Quinto maior colégio eleitoral do País, Fortaleza terá uma eleição este ano com a primeira aliança municipal entre PMDB e PSDB no primeiro turno desde a redemocratização do Brasil, em 1985. A aproximação entre os dois partidos no Ceará começou na eleição estadual de 2014, quando as duas principais figuras das siglas no Estado, os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB), se uniram para se opor às chapas articuladas pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, do PDT.

Neste ano, PMDB e PSDB estão apoiando a candidatura do deputado estadual Capitão Wagner, do PR, para prefeito de Fortaleza. O PMDB indicou o candidato a vice: Gaudêncio Lucena, atual vice-prefeito e próximo de Eunício. Os peemedebistas romperam com os irmãos Gomes na campanha de 2014, porque Cid e Ciro preteriam a candidatura de Eunício para governador do Ceará, para apoiar Camilo Santana (PT), que acabou eleito. Sem quadros relevantes para indicar este ano, o PSDB acabou não compondo a chapa.

A aliança PMDB-PSDB-PR tenta derrotar o atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). O pedetista disputa a reeleição tendo como candidato a vice o deputado federal Moroni Torgan (DEM). Os dois terão como principais cabos eleitorais os irmãos Gomes e Camilo Santana. Em retribuição ao apoio que recebeu do PDT para sua eleição em 2014, o governador petista está preterindo a candidatura da deputada federal Luizianne Lins (PT), que tenta voltar ao comando da capital cearense, onde esteve de 2004 a 2012.

Impeachment

Os três principais candidatos a prefeito de Fortaleza tentam afastar temas ligados à turbulência do cenário político nacional e deixar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff fora do debate eleitoral. “Ninguém vai mexer nisso. O Roberto Cláudio e os Ferreira Gomes até ensaiaram essa questão do golpe, mas, quando colocam o Moroni, do DEM, de vice, com que moral vão falar em golpe?”, afirma Capitão Wagner. Segundo ele, sua campanha trabalhará apenas com as lideranças locais, como Tasso e Eunício.

Wagner admite que trazer a questão do impeachment poderia prejudicá-lo em um eventual segundo turno. “A gente tem possibilidade de alianças com a Luizianne talvez, com o PT não sei. Então, a gente quer evitar qualquer barreira já no primeiro turno”, afirma. Ele diz que pretende focar sua campanha no debate sobre segurança pública. Fortaleza é a cidade mais violenta do Brasil e a 12ª mais violenta do mundo, segundo ranking publicado em janeiro pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz.

“O que interessa à cidade de Fortaleza não é o debate nacional, é o debate local”, afirma Roberto Cláudio, que se diz contrário à saída de Dilma, assim como seus principais apoiadores. Até mesmo Luizianne Lins, candidata do PT, defende que o impeachment não deve estar em primeiro plano no debate eleitoral. “Vamos ter de ter a boa dose de compreender, porque tem gente que não está preocupada nacionalmente com que está acontecendo”, diz. Ela pretende focar sua campanha na defesa do “legado” de sua administração anterior.

O discurso de Luizianne revela a divisão no PT sobre a estratégia de “nacionalizar” a campanha. Como mostrou o Estadão em julho, dirigentes do partido divergem sobre a eficácia de repetir a narrativa do “golpe” nas disputas pelas prefeituras. Apesar da estratégia de deixar o impeachment em segundo plano, a petista quer ter o ex-presidente Lula em seu palanque. A avaliação é de que, apesar do desgaste, o petista ainda ajuda a arregimentar votos. Seu candidato a vice será o deputado estadual Elmano de Freitas (PT).

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