O conselho diretor da Caixa ainda não aprovou o limite de financiamento de R$ 2 bilhões para a Petrobras, apurou a Agência Estado. Na sexta-feira, 17, a petroleira informou ao mercado ter obtido da Caixa, Banco do Brasil e Bradesco limites de financiamento que somam R$ 9,5 bilhões. Os recursos resolvem, segundo a Petrobras, as necessidades de caixa deste ano.
No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras se limitou a comunicar que aprovou o contrato de “limite de financiamento pré-aprovado” com a Caixa no valor de R$ 2 bilhões. A notícia, publicada após o fechamento do pregão da Bolsa de Valores, surpreendeu o mercado. A divulgação ocorreu às vésperas da divulgação do balanço de 2014, que era motivo de dúvida no mercado sobre a situação financeira da empresa.
A aprovação do limite de financiamento da Caixa, operação que servirá como “reserva”, segundo a Petrobrás, ainda precisa do aval do conselho que reúne vice-presidentes e a presidente da Caixa, Miriam Belchior. O órgão se reuniu ontem mas a operação não entrou na pauta. Segundo uma fonte a par das negociações, causou estranheza a Petrobrás ter divulgado a operação como certa sem que houvesse o “ok” do conselho diretor, responsável pela aprovação do limite com prazo de cinco anos.
A reportagem apurou que a política de crédito da Caixa exige a aprovação do conselho diretor, mesmo se tratando de um limite de financiamento pré-aprovado, “standby” no jargão de crédito. Havia risco de a Petrobrás chegar ao fim do ano com o caixa no limite mínimo de US$ 10 bilhões, como previu a companhia, antes de concretizar as operações de crédito.
A Caixa, por meio de sua assessoria, confirmou que os trâmites ainda não foram concluídos. “A pré-aprovação passou por uma instância técnica da Caixa e ainda seguirá para aprovação dos comitês do banco”, informou, em nota.
No Banco do Brasil, a Petrobras conseguiu R$ 4,5 bilhões. Do BB vieram o atual presidente da petroleira, Aldemir Bendine, e o diretor financeiro, Ivan Monteiro. A operação vinha sendo negociada desde outubro de 2014 e passou por 11 comitês. O BB disse que a operação atende a “todos os requisitos da política de crédito do banco e está adequada aos limites definidos para a empresa e para o setor”.
Do Bradesco, a Petrobras conseguiu outra “reserva”, de R$ 3 bilhões, também com prazo de cinco anos. Procurado, o banco não comentou a operação. A Petrobras também fechou uma operação financeira com o britânico Standard Chartered no valor de US$ 3 bilhões.
Prudência
Para o analista de bancos da Austin Rating Luis Miguel Santacreu, os bancos deveriam ter optado pela prudência e esperado a divulgação do balanço, que já estava marcado para ontem, antes de tornar pública a concessão de crédito.
“A despeito do balanço, as instituições financeiras puderam, com base em informações gerenciais da Petrobrás que obtiveram, ainda que não auditadas, ter condições de fazer uma avaliação que consideraram suficiente e conceder esse crédito”, afirmou.
Ele disse que o melhor seria esperar pelos dados completos da companhia. “O ideal seria olhar o balanço para poder aprovar um crédito desse tamanho. Isso mostra ou a confiança que a Petrobrás tem ou a urgência da estatal para, ao publicar o balanço, mostrar uma estrutura de dívida que já contava com esses empréstimos.”
Para ele, a informação do crédito pode ter sido estratégia para dar uma “acalmada” para compensar as informações do balanço. “Alguma coisa há para justificar esse empréstimo a um dia útil do balanço.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.