Após reunião com agentes do setor elétrico no Ministério de Minas e Energia para continuar debatendo a proposta do governo sobre uma nova metodologia para o risco hidrológico na geração de luz, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correa, disse que o encontro foi positivo, mas não conclusivo. De acordo com ele, os representantes das geradoras ainda irão fazer cálculos e simulações que dependem de parâmetros que faltam ser definidos.
“Falta fechar parâmetros para calcular os valores dos riscos e viabilizar a contabilidade de ativos. Precisamos ainda fazer essa escolha metodológica”, disse o diretor após a reunião.
Segundo ele, a Aneel estará aberta para receber as empresas durante esta semana e a expectativa é de que já na terça-feira da próxima semana (11) o órgão regulador possa aprovar a nova metodologia em sua reunião semanal.
A proposta do governo, apresentada ao setor na semana passada, prevê o repasse do risco hidrológico dos geradores – o risco do regime de chuvas impossibilitar a geração do total de energia contratada – para os consumidores a partir de 2017. Em contrapartida, os preços dos contratos de geração teriam um desconto a partir daquele ano e o excedente gerado em períodos de chuvas favoráveis também seria revertido como ganhos para os consumidores.
Além disso, o déficit atual do setor de geração seria absorvido pelas empresas sem repasse agora para as contas de luz em troca de uma extensão do prazo dos contratos ao fim das concessões.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mario Menel, a proposta do governo é melhor do que a atual situação, mas ainda depende de uma melhor definição porque lida com variáveis complexas da contabilidade do setor. “Faltam alguns dados para rodarmos as simulações, mas os princípios da proposta são inteligentes e aceitáveis. A proposta inclusive abre uma perspectiva de hedge que antes nós não tínhamos”, disse o executivo.
O presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, também analisou que ainda faltam simulações para que cada agente possa definir se a nova metodologia será adequada para o seu negócio. “A solução precisa contemplar o conjunto de agentes e não só geradores. Mas acredito que a proposta do governo pode caminhar”, afirmou.