A confirmação pela Receita Federal em março de uma arrecadação abaixo da mediana das expectativas revela que dificilmente o governo terá capacidade para investir nos projetos de obras de infraestrutura. Mas revela também que é muito cedo para se concluir que a meta de superávit primário, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não será cumprida. A avaliação é do sócio-diretor da GO Associados, Fábio Silveira.
A Receita Federal informou nesta segunda-feira, 27, que em março foram entesourados pelos cofres públicos a título de arrecadação de impostos e contribuições federais o equivalente a R$ 94,122 bilhões. O valor é 4,58% superior aos R$ 89,982 bilhões arrecadados em fevereiro e 8,64% sobre os R$ 86,621 bilhões pagos pelo contribuinte em impostos e contribuições em março do ano passado. Mas é 2,05% menor que os R$ 96,089 bilhões que compõem a mediana das expectativas dos analistas consultados pelo AE Projeções.
“Estamos envolvidos por uma atmosfera recessiva que bate na arrecadação. Fica claro que o setor público contribuirá menos para os investimentos em infraestrutura que estão para serem anunciados”, disse Silveira. Mas, de acordo com ele, é cedo para se dizer que a meta de superávit não será cumprida porque muitos cortes de gastos ainda estão sendo discutidos pelo governo. A GO Associados tinha para março uma projeção para a arrecadação da ordem de R$ 97,800 bilhões.