A ligeira alta de 0,4% no Índice de Confiança do Comércio (Icom), para 92,4 pontos, na passagem de março para abril, anunciada nesta terça-feira, 28, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sinaliza para uma redução do pessimismo entre os empresários do setor. Ainda assim, o movimento está longe de sinalizar para algum otimismo no fim do túnel, na avaliação do superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, que vê o comércio varejista caminhando para um resultado próximo de zero neste ano, com chances de queda.
“A desaceleração da atividade está forte, e os cenários combinados de baixa confiança entre consumidores e empresários do comércio dificilmente apontam para uma aceleração no segundo semestre”, disse Campelo.
A alta de 0,4% em abril foi a primeira depois de cinco meses seguidos de queda no Icom. Ante abril de 2014, o recuo de 22,4% ainda é expressivo. De novembro a março, a queda acumulada no índice foi de 17,1%. Por isso, a ligeira alta em abril pode ser explicada até mesmo por uma “acomodação estatística”, segundo Campelo.
Em abril, a evolução favorável do índice foi toda determinada pela melhora da percepção em relação ao futuro. O Índice de Expectativas (IE-COM) aumentou 1,9% em abril, para 117,3 pontos, depois de ceder 1,5% no mês passado. Já o Índice da Situação Atual (ISA-COM) continuou piorando e caiu 2,0% neste mês, para 67,5 pontos, após recuo de 8,9% em março.
Nesse quadro, o pesquisador da FGV sugere ainda alguns fatores relacionados ao ambiente político e econômico. Uma pergunta sobre expectativas com o futuro dos negócios teve menos citações relacionadas ao ambiente político, informou Campelo. Assim, o pessimismo em relação ao futuro pode ter diminuído por causa de “alguma diminuição na turbulência política” em abril.
Campelo lembrou ainda que saiu um pouco do radar a preocupação com eventuais racionamentos de água ou de energia elétrica, como consequência do aumento das chuvas entre fevereiro e abril.
Outro elemento a sugerir que o otimismo ainda passa longe dos dados levantados pela FGV é o indicador de emprego previsto, questionando se os empresários pretendem aumentar ou diminuir o quadro de empregados. Em abril, o indicador caiu para 91,4 pontos, de 93,7 em março. Desde fevereiro, o indicador está abaixo de 100 pontos, o que significa, segundo Campelo, que a quantidade de participantes da sondagem que informaram que pretendem diminuir o número de funcionários foi superior ao número dos que disseram que pretendem contratar mais.
“As vendas estão tão fracas que os empresários ainda sentem necessidade de se ajustar um pouco”, comentou Campelo.