Economia

Arida diz que agenda de Levy é recessiva, mas vai colocar a inflação no eixo

O ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida afirmou que a “agenda Levy” é correta, pois visa equilibrar as contas públicas e “corrigir equívocos” de política econômica cometidos pelo atual governo nos últimos anos. Ele se referiu ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “A agenda é recessiva, o desemprego vai subir, mas vai colocar a inflação no eixo”, afirmou.

Arida destacou que o ritmo da gestão da economia até 2014 era “uma marcha à ré” na política de modernização do Estado, que avançou bastante na era do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O ex-presidente do BC destacou que FHC foi “um estadista” que viabilizou a implementação do Plano Real, em 1994, quando era ministro da Fazenda. Aquele programa nasceu do plano Larida, criado por Arida e André Lara Resende em 1982. “Tive a fortuna de adotar minhas ideias em escala nacional. Foi uma grande honra”, destacou em palestra para jovens empresários na Fiesp.

Arida afirmou que o programa de swap cambial foi “muito agressivo” e colaborou para a apreciação da moeda brasileira em relação ao dólar.

Ele ressaltou ainda que a infraestrutura no Brasil é um “desastre”, mas com medidas corretas do governo, entre elas o realismo tarifário para o setor de energia, é possível ver no médio prazo muito investimentos do setor privado em programas de logística e transportes.

“No Brasil, infelizmente, as boas mudanças só ocorrem depois de crises. Hoje, estou otimista e minha expectativa é bem melhor do que há um ano”, disse.

Par o ex-presidente do Banco Central é possível o Brasil ter um crescimento estrutural entre 3% e 4% ao ano, desde que exista uma agenda de modernização do Estado. “Primeiro, é preciso ter um presidente da República que queira isso e também é importante a colaboração do Congresso, bem como uma equipe econômica disposta a trabalhar nesta direção”, comentou. “É fundamental que o Poder Executivo corte gastos, tenha uma boa gestão das contas públicas.”

Na avaliação de Arida, outros dois elementos são importantes para elevar o crescimento estrutural do País. Um deles é o menor tamanho da ação dos bancos públicos, especialmente do BNDES. “Justifica essa instituição ter emprestado quatro vezes mais do que o Banco Mundial com dinheiro subsidiado?”, questionou. “Justifica o BNDES emprestar recursos a grandes companhias que têm acesso ao mercado, como Vale e Lojas Americanas?”

O outro elemento destacado pelo ex-presidente do BC é a adoção da independência de agências reguladoras, o que seria importante para a expansão da atuação do setor privado.

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