Um grupo formado por aos menos quatro skinheads agrediu e intimidou frequentadores da Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, na noite da última quarta-feira, 21. A presença de uma base da Polícia Militar e outra da Guarda Civil Metropolitana (GCM), instaladas uma em cada ponta, não intimidaram o bando, que também tentou invadir um bar.
De acordo com pessoas que frequentam o local e preferem não se identificar temendo represálias da gangue que desde o início da semana tem rodeado a praça, entre os agredidos está o músico Robério Santana, baixista da banda de rock Camisa de Vênus. O vocalista do grupo, Marcelo Nova, confirmou a agressão e disse que o companheiro “está bem”.
Ele tinha saído de um bar para comprar cigarros quando foi cercado e espancado pelos skinheads. “As pessoas que estavam o esperando foram atrás dele para ver o que tinha acontecido. Quando chegaram, ele estava todo ensanguentado no chão”, afirmou uma produtora artística. Ela disse que a PM foi acionada pelo telefone 190 e os agentes que ficam circulando pela praça também foram chamados, mas nenhum policial foi até o local. Santana precisou ser internado na Santa Casa de Misericórdia e teve alta ontem.
Além de músicos, a Roosevelt também é frequentada por artistas de teatros da região. Um ator negro e com um corte estilo moicano, também sozinho, foi cercado pelo mesmo grupo de skinheads. De acordo com testemunhas, os membros do grupo cercaram o artista e, de braços cruzados, começaram a intimidar a vítima.
Como conhecidos do ator suspeitaram da atitude do skinhead, um grupo de amigos cercou os carecas e eles fugiram. Na mesma noite o grupo também tentou invadir um bar. A reportagem procurou a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana mas até as 17h25 nenhum dos órgãos respondeu.
Tatuagem na testa
Um dos carecas tinha a inscrição 77 tatuada na testa. O número é uma referência ao ano de 1977, quando houve uma ruptura entre os estilos de música e comportamento dentro da cultura do punk rock. Foi nesse ano que começaram a surgir os grupo do estilo “Oi!” e street punk com que os skinheads das classes proletárias da Europa, principalmente no Reino Unido, mais se identificaram.