O julgamento de dois dos quatro acusados de serem os mandantes do assassinato dos quatro funcionários do Ministério do Trabalho em 28 de janeiro de 2004, na chamada chacina de Unaí, foi retomado às 8h30 desta terça-feira, 27, em Belo Horizonte, depois de quatro dias de interrupção. Nesta manhã, é realizada a seleção do corpo de sete jurados.
Os fiscais Nelson José da Silva, João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram mortos a tiros enquanto vistoriavam fazendas em Unaí, no Noroeste de Minas, região de grande volume de produção de feijão e que registrou casos de regime de trabalho análogo à escravidão.
Os acusados a terem o julgamento iniciado hoje são Norberto Mânica e José Alberto de Castro. Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, eles contrataram os pistoleiros, que já cumprem pena pelo crime.
Outro acusado de ser mandante, Hugo Alves Pimenta, teve o julgamento, previsto anteriormente para começar na quinta-feira passada, juntamente com Norberto e José Alberto, transferido para o dia 4 de novembro.
Um documento acrescentado ao processo sobre delação feita por Hugo em 2009 provocou o julgamento em separado e o adiamento da sessão para esta terça, para que as partes tivessem acesso ao que foi juntado aos autos. Os documentos foram apresentador em 19 de outubro.
Os Mânica são grandes produtores de feijão na região de Unaí. Antério Mânica, ex-prefeito da cidade e também acusado de ser mandante do crime, será julgado em 10 de novembro – o processo em que ele é réu correu à parte no período em que governou o município.
Na chegada ao auditório, o advogado de Norberto Mânica, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o acesso à documentação juntada no dia 19 será fundamental para provar que seu cliente é inocente. “Comprovam no nosso ponto de vista algumas questões que já tínhamos em vista e que serão apresentadas ao júri”, afirmou.
O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, afirmou que o assassinato dos fiscais e do motorista da pasta na chacina de Unaí foi um crime contra a autoridade brasileira. O ministro acompanha o julgamento de acusados de serem mandantes dos assassinatos na capital mineira.
“Vim prestar solidariedade aos familiares dos mortos. A expectativa é que haja justiça com a condenação dos criminosos e punição exemplar, para preservação do respeito à legislação e ao combate e recusa a qualquer tipo de violência”. O ministro disse ainda que o julgamento irá “recompor a ideia básica de justiça que queremos. Foi um crime contra a autoridade brasileira”, afirmou.