Economia

Kátia Abreu diz que Alemanha é fundamental no acordo entre Brasil e UE

O encontro entre a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro de Alimentação e Agricultura da Alemanha, Christian Schmidt, mostrou que o Brasil quer nos alemães um aliado para vencer resistências entre os demais integrantes da União Europeia (UE) para um acordo com o Mercosul. A primeira frase da ministra para a imprensa após a reunião deu indicações desse movimento. “A Alemanha é fundamental neste acordo. Ontem, (no jantar para a comitiva alemã) em todas as mesas, foi unânime a importância da Alemanha nesse acordo”, disse.

Segundo a ministra, não existe forma de fazer uma proposta única só para Alemanha e Brasil. Tem de ser acordo entre os dois blocos. “Garantimos que a proposta está fechada e podemos marcar a data. A data de troca de ofertas é um ponto da maior relevância. Acho que isso pode ser fechado hoje no Planalto”, afirmou.

Kátia Abreu relatou, ainda, que esse acordo entre os blocos, se aprovado, deve aumentar em 20% as exportações brasileiras para a União Europeia e o PIB da carne em 15%. “Mesmo se não aumentasse as exportações, o que é impossível, teríamos o fim dos impostos”, observou. “Até 1º de janeiro nós exportávamos frutas para Europa com taxa zero porque éramos considerados um País em desenvolvimento; agora, somos considerados desenvolvidos e perdemos esse benefício e pagamos 9% de taxa”, explicou.

A ministra garantiu que o Brasil está preparado para esse acordo e disse que o País está evoluindo em defesa agropecuária. Durante o encontro com o ministro alemão, ela solicitou a ele que reforçasse o acordo sanitário e fitossanitário que o Brasil ofereceu em Bruxelas para a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Segundo Kátia Abreu, em 10 e 11 de setembro, uma comissão do organismo internacional vem ao Brasil para se desenhar um acordo para harmonização de procedimentos.

“Ao longo de décadas, a Europa não quis discutir um acordo. Um acordo sanitário e fitossanitário que possa vir previamente (ao acordo entre Mercosul e União Europeia) vai desburocratizar nosso comércio. Quem sabe nosso acordo, procedendo bem, podemos partir para um pré-listing”, ponderou. “Fluxo de comércio nunca é negativo, sempre é positivo. Às vezes alguns perdem no começo, mas depois todos ganham”, observou.

Lista pré-autorizada

Kátia Abreu disse também que se conseguisse emplacar um acordo de pré-listing com os europeus, as prioridades seriam carnes, frutas, suco de laranja e café. Em compensação, haveria algumas restrições. Os segmentos de lácteos, vinho e cacau precisariam de mais tempo para se adaptar a entrada desses produtos no Brasil.

Segundo Kátia Abreu, o ministro alemão disse que se for fechado um acordo de pré-listing, teria de ser global, para todos os integrantes da União Europeia. “Respondi a ele que queremos a mesma coisa, que quando a OIE reconhecer áreas livres de aftosa, que toda a Europa reconheça. Dei os exemplos de Distrito Federal, Rondônia e Tocantins que lutam há 10 anos por esse reconhecimento”, relatou.

Entre as restrições que talvez os europeus imponham para um pré-listing estariam o açúcar e suínos. Para a ministra, os alemães deixaram a impressão de que um acordo entre o Mercosul e União Europeia é inadiável. “Ele usou a expressão de que tudo que é muito bom demora um pouco, mas que esse acordo está demorando demais”, disse.

Uma comitiva de 12 ministros alemães, liderados pela chanceler Angela Merkel, chegaram ontem ao País para uma visita oficial que tem na agenda, entre outros temas, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e parcerias em áreas de meio ambiente e mudanças climáticas.

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