Cada vez mais empenhado em ter o apoio de Jair Bolsonaro para a sua reeleição, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), disse na manhã deste domingo, 29, que o presidente deve visitar a cidade na próxima sexta-feira, 3. "Poderemos passar para ele, aqui mais de perto, nossas dificuldades, nossas lutas", comentou o prefeito, referindo-se à crise do coronavírus.
Após a declaração de Crivella, o jornal O Estado de S.Paulo procurou a equipe dele para confirmar a agenda. Segundo a assessoria de imprensa, Bolsonaro vai visitar o gabinete de crise da Prefeitura e o hospital de campanha que está sendo construído no Riocentro, na zona oeste da cidade. Em Brasília, Bolsonaro afirmou que "é possível" que ele vá ao Rio de Janeiro durante a semana.
Na última semana, o partido do prefeito anunciou a filiação de dois filhos do presidente: o vereador carioca Carlos (PSC) e o senador Flávio (sem partido). Além deles, filiou-se ao Republicanos uma das ex-mulheres de Bolsonaro, Rogéria, que pode voltar à vida política tentando uma vaga na Câmara do Rio, caso Carlos desista de se reeleger. Os movimentos escancaram a tentativa de aproximação que Crivella vem tecendo nos últimos meses.
Apesar de ser o quadro de maior projeção da legenda – comanda a segunda capital mais populosa do País -, Crivella é reprovado por 72% da população carioca, segundo pesquisa Datafolha feita em dezembro do ano passado. Ele busca, com o apoio do clã Bolsonaro, ideologizar a campanha.
Crivella evita responder se sua aproximação com Bolsonaro neste contexto de coronavírus não é contraditória, dado que a Prefeitura adota medidas contundentes contra a propagação da doença enquanto o presidente diz que o País não pode parar. Ao contrário do governador Wilson Witzel, que tem batido de frente com Bolsonaro e cobrado nova postura sobre a crise, Crivella mantém panos quentes e faz pequenos acenos à possibilidade de flexibilização de restrições.
Neste domingo, por exemplo, voltou a falar sobre a "esperança" de reabrir progressivamente as escolas municipais a partir de abril. "Seria uma volta escalonada. Isso vai depender, claro, das reuniões que temos aos domingos com nosso gabinete de crise. Eles estão analisando a curva e avaliando as medidas que foram adotadas no exterior", disse.
O prefeito deu como exemplo crianças de zero a nove anos que vivem em casas sem idosos e crianças com necessidades especiais que estejam tendo "comportamento convulsivo" em casa.
Após a declaração de Crivella sobre a vinda de Bolsonaro ao Rio, o Estado tenta uma confirmação com interlocutores do presidente, mas ainda não obteve retorno.
O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) tenta ser a pedra no sapato de Crivella nessa busca pelo apoio do presidente na eleição municipal. Cada vez mais bolsonarista, o parlamentar quer se candidatar e chegou a discursar em um carro de som na manifestação do último dia 15, na praia de Copacabana. Disse, para o público que ignorou o perigo de aglomerações, que o vírus que mais mata no País é o "vírus da corrupção".