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Grafite em prédio histórico na Grande São Paulo causa polêmica

Um grafite colorido de parede inteira em um prédio na área central da cidade causa polêmica em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. O edifício, que abriga a Pinacoteca, é de 1860 e foi tombado este ano pelo patrimônio histórico estadual. Defensores da preservação do patrimônio alegam que a pintura descaracterizou o imóvel, de estilo neoclássico e linhas sóbrias. Parte dos moradores, no entanto, defende o grafite como representação da diversidade artística.

O prédio sediou a Câmara até 1929, depois abrigou escolas e atualmente sedia a Secretaria Municipal de Cultura. O arquiteto Luiz Miguel Franco Baida e o funcionário público João Benedito de Souza Mello Camargo fizeram denúncia ao Condephaat, o conselho estadual do patrimônio, contra a descaracterização do prédio histórico pela obra feita na parede externa posterior. Eles pedem a “imediata remoção” do grafite, mantendo o mesmo padrão de pintura das demais paredes externas.

Em sua página numa rede social, Baida considerou o grafite “acintoso” e de gosto “questionável”, gerando reações. A internauta Denise Costamilan Andere defendeu o grafite e o direito à diversidade artística. “Será muito triste ver os fundos da Pinacoteca se cobrirem de bege pela intolerância e preconceito de poucos.” Já para Glauco Ricciele, “o que foi feito no fundo do prédio é uma aberração.”

Coautor da denúncia, Camargo diz que o problema não é a forma de expressão.
“Qualquer tipo de pintura não poderia ser feita assim, de forma arbitrária, pois não se pode mexer em prédio tombado sem a autorização do Condephaat.”

O secretário municipal de Cultura, Mateus Sartori, disse que o grafite foi feito antes do tombamento do prédio, restaurado para a instalação da Pinacoteca, e que todo processo foi autorizado pelos conselhos municipais de Cultura e do Patrimônio Histórico. “A Secretaria, através do Programa Diálogo Aberto, realizou mais de cem ações com a juventude para criar políticas culturais na cidade, incluindo a criação da Casa do Hip Hop. A ideia do grafite nasceu nesse contexto.”

A obra dos artistas Jaum, Bozzer, Blef e Cascão remete a outros 35 artistas plásticos falecidos que tiveram ligação com Mogi das Cruzes, entre eles o modernista Alfredo Volpi. “Grafite é arte e a Pinacoteca de Mogi merece que esteja aqui”, disse.

O Condephaat informou que sua Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico recebeu a denúncia de intervenção não autorizada e solicitou que a Secretaria Municipal de Cultura encaminhasse a documentação das intervenções realizadas. O material foi enviado no último dia 1º e está sob análise. O órgão esclareceu que não houve pedido de autorização antes da realização da pintura e que qualquer modificação em imóvel tombado deve ser aprovada previamente pelo Condephaat.

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