Depois de seis sessões consecutivas de alta, com as quais acumulou valorização de 8,05% sobre o real, o dólar à vista fechou em baixa de 0,83% nesta terça-feira, 8, cotado a R$ 3,8180. O principal destaque do dia foram os dois leilões de linha ofertados pelo Banco Central, de até US$ 3 bilhões, com recompra programada para novembro e dezembro deste ano. A injeção de recursos foi fundamental para o arrefecimento da pressão compradora de dólares, embora o cenário internacional mais otimista também tenha contribuído para a tendência de baixa. As incertezas do cenário interno, no entanto, são o grande limitador de uma correção mais substancial.
No leilão “A” de linha cambial, com recompra em 4 de novembro, a taxa de corte ficou em R$ 3,870071. Já no leilão “B”, com recompra em 2 de dezembro, a taxa de corte foi de R$ 3,908000. A taxa de venda nas duas operações foi a ptax do boletim do BC das 13 horas, de R$ 3,8028. O BC não informa quanto foi emprestado ao mercado nos leilões de linha – informação que só será conhecida na quarta-feira seguinte à liquidação da venda, junto com a divulgação dos números do fluxo cambial.
A realização dos leilões foi bem recebida pelo mercado, por sinalizar que o BC está atento ao comportamento do câmbio e que tem mecanismos para atuar contra exageros e especulações do mercado. Durante a realização dos leilões, o dólar atingiu a máxima de R$ 3,82 (-0,78%), recuando logo após o fim da operação. Segundo operadores, a aceleração das cotações não teve relação com os leilões, uma vez que a taxa de referência (ptax) já estava definida.
A queda do dólar foi considerada positiva, mas pontual. Isso porque o cenário interno continua como o principal fator de cautela, limitando uma melhora mais consistente dos mercados. Em uma apresentação em Londres, a agência de classificação de risco Fitch disse que as dinâmicas de dívida no Brasil são desafiadoras, mas não “explosivas”. A Fitch afirmou que o Brasil tem desafios crescentes na questão fiscal e também no crescimento. A agência ressaltou que o crescimento médio de cinco anos está abaixo da mediana dos países com rating na faixa BBB e a inflação está bem acima da mediana desse grupo.
Na busca por um aumento de receitas que contribuam para o ajuste Fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, confirmou hoje em Paris a informação antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, de que o governo estuda um aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física. Levy disse que está sendo feita uma discussão para encontrar as formas mais adequadas para viabilizar “uma ponte fiscal sustentável” e que um aumento no IR “é uma coisa a se pensar”.