O Tribunal de Justiça Militar deve marcar para os próximos dias o julgamento do ex-policial militar Paulo Rogério Caetano. Em 2012, ele foi preso em flagrante após receber R$ 20 de propina de um motorista que estava com o caminhão irregular. Durante a investigação, a Corregedoria da PM descobriu que ele recebia cerca de R$ 10 mil por mês achacando motoristas e empresas de transporte.
Caetano era soldado da Polícia Rodoviária Estadual e, quando foi preso, em maio de 2012, trabalhava em um posto da Rodovia Castelo Branco, em Barueri. Segundo as investigações, o motorista de um caminhão foi parado pelo então policial, que lhe pediu os documentos. A recomendação foi atendida, mas, com os documentos, o motorista deixou uma nota de R$ 20 e foi rapidamente liberado.
Pouco depois, porém, o caminhoneiro foi interceptado por outra equipe de policiais, que constatou que o veículo tinha a placa coberta de lama – o que dificulta a identificação – e um dos pneus careca. Foi notado que o tacógrafo não havia sido fiscalizado e estava com a data vencida.
Questionado, o motorista disse que o policial que havia lhe parado um pouco antes não tinha feito nada após receber R$ 20. A equipe voltou até a base de Caetano e, com ele, localizou a nota de R$ 20 guardada no colete à prova de balas.
A Corregedoria da PM passou a investigar o caso e descobriu uma agenda que continha os registros do dinheiro recebido com a propina, em pagamentos praticamente diários que variavam de R$ 100 a R$ 1 mil. Segundo as investigações, o suspeito fez da cobrança de propina uma rotina no trabalho.
O Ministério Público, em denúncia oferecida à Justiça Militar, afirmou ter ficado provado que o “denunciado abordava aleatoriamente caminhões para apontar irregularidades inexistentes e, com isso, constranger motoristas a lhe pagarem valores pecuniários para que não fossem multados”. A promotoria disse também que a investigação constatou a existência de um acordo com algumas empresas de transportes, que pagavam quantias mensais ao policial para que seus caminhões não fossem abordados. Caso isso acontecesse por algum imprevisto, o veículo seria liberado.
Caetano recebia a propina “em dinheiro, pessoalmente, caso em que o denunciado se deslocava até as empresas para buscar ou ligava para combinar um local de encontro”. Segundo o MP, o policial também pedia propina de motoristas com veículo irregular.
Exoneração
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que Caetano respondeu a processo administrativo na Corregedoria da PM e foi exonerado em julho de 2014. A reportagem procurou o advogado do ex-PM, Abelardo Júlio da Rocha, mas ele não retornou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.