A Duratex deve ter uma melhoria significativa em custos em 2016, tendo em vista que ficou para esse ano grande parte da captura de economias realizadas desde o final de 2014, afirmou o diretor presidente e vice-presidente da unidade de negócios Madeira, Antonio Joaquim de Oliveira.
“As iniciativas de custos continuam mais fortes em 2016. Iniciamos um trabalho com consultores desde novembro de 2014, o que foi muito consolidado com o Orçamento Base Zero no segundo semestre de 2015. Grande parte das capturas não estava em 2015, mas em 2016”, afirmou o executivo. Ele contou que, em 2015, foram feitos ajustes de estrutura, que envolveram demissões e adequação de gastos.
Antonio Joaquim de Oliveira disse que iniciativas, com metas e acompanhamento, fizeram com que os ganhos superassem as expectativas em 2015. “Esperamos que isso continue em 2016. Só com o fechamento temporário da unidade em Itapetininga tem R$ 35 milhões de ganhos que serão capturados integralmente em 2016”, acrescentou, em teleconferência de resultados com analistas e investidores.
Questionado sobre o efeito da alta do dólar em custos, o executivo disse que não espera grandes surpresas, tendo em vista que a companhia tem estoque de matéria prima. Além disso, a economia global tem observado redução de preços de commodities e a companhia tem negociado resinas a bons níveis de preços.
“Se tiver surpresa de custos, vai ser positivo”, afirmou. “No front de custos, mesmo com o dólar no patamar que está, não deve ter surpresas negativas”, acrescentou.
Alta dos juros
O aumento das taxas de juros no Brasil afetou negativamente os resultados da Duratex no ano de 2015, de acordo com o diretor de Finanças, Relações com Investidores e Serviços Corporativos da empresa, Flavio Marassi Donatelli. Ao detalhar os números do ano, em teleconferência com investidores e analistas, o executivo disse que o lucro no período foi impactado pelas despesas financeiras, decorrentes da elevação de juros no País.
O aumento das taxas de juros em 2015 impactou o lucro liquido em relação a 2014 em R$ 22,5 milhões, considerando que a dívida líquida praticamente permaneceu constante na mesma base de comparação. No ano, o resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 219,123 milhões, um alta de 25,1%, enquanto a dívida líquida aumentou 10,8%, para R$ 1,913 bilhão.
Como isso, o lucro líquido recorrente da companhia em 2015 somou R$ 221,886 milhões, uma queda de 38,2%. Já o resultado líquido reportado sem ajustes caiu 51,3%, para R$ 191,744 milhões.
Além da questão dos juros, o executivo disse também que 2015 não contou com ganho em ativo biológico, o que foi observado em 2014. Naquele ano, o ativo biológico teve efeitos positivos não recorrentes representados principalmente pelos ganhos de R$ 64 milhões (após Imposto de Renda) oriundos da compra de florestas (Caxuana, em março de 2014), que não se repetiu em 2015
Por outro lado, visando maximizar o aproveitamento fiscal dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), a companhia declarou o JCP no seu limite máximo, a fim de ter um crédito de Imposto de Renda para os próximos anos. Isso resultou em um valor adicional de R$ 37,8 milhões no ano.
Exportações
A Duratex espera aumentar o volume de exportações em cerca de 50% no ano de 2016, mantendo o ritmo de alta observado em 2015, de acordo com Antonio Joaquim de Oliveira. O executivo disse que, entre os mercados que estão sendo abertos pela companhia, está o Irã, com quem tem mantido contato.
“Temos um plano bem arrojado de exportações e esperamos aumentar na casa de 50% em relação 2015, principalmente em painéis, mas também em Deca. Estamos pisando no acelerador”, acrescentou. “Abrimos mercados que não eram tradicionais e estamos com expectativa positiva em relação à abertura de mercado no Irã, que foi autorizada pelas Nações Unidas. Já estamos em contato”, disse.
Em 2015, a companhia obteve R$ 602,480 milhões em receita líquida oriunda do mercado externo, uma alta de 48,1% frente a 2014. Esse valor representou 15% da receita total, contra fatia de 10% no ano anterior.
Frete
Ainda sobre o mercado internacional, o executivo disse que tem observado uma queda no valor dos fretes. “Temos bastante frete de retorno da Europa, de retorno da Ásia, do Oriente Médio, a níveis de preços bastante competitivos, quase inacreditáveis”, afirmou. Ao exemplificar, ele disse que há fretes de retorno de contêineres para Europa em cerca de US$ 300, o que já foi R$ 1.000. “Estamos aproveitando essas oportunidades e, claro, isso pode refletir em maior competitividade quando vende-se lá”, acrescentou.
O executivo explicou que o movimento é mais decorrente de ociosidade e alta de demanda, do que a queda do preço de petróleo. “Os preços de frete no mercado internacional podem ter algum efeito da queda do preço do petróleo, mas não é tão direto. Eu diria que é mais sobre ociosidade e demanda, se tem frete de retorno ou se tem um navio com meia carga”, acrescentou, ao apontar que o movimento também depende da rota.



