A partir de janeiro, as Marginais do Tietê e do Pinheiros receberão placas de advertência amarelas para indicar trechos onde a redução de velocidade é obrigatória em função das restrições geométricas das pistas. A nova sinalização terá três placas, instaladas a 500 metros, 200 metros e em cima dos pontos de redução – são 30 no total.
Segundo a futura gestão João Doria (PSDB), a medida deve reduzir as multas do tipo “pegadinha” e evitar acidentes ou focos de congestionamento, considerando o aumento das velocidades máximas em 25 de janeiro. Os limites voltarão a ser de 90 km/h nas pistas expressas das Marginais do Tietê e do Pinheiros, 70 km/h nas pistas centrais da Tietê e 60 km/h nas pistas locais das duas Marginais, com exceção da faixa à direita, que permanecerá a 50 km/h.
Por acompanharem o leito dos rios, as Marginais têm uma geometria que visa a favorecer a drenagem. Essa característica exige em determinados pontos uma alteração no limite de velocidade, seja qual ele for. O exemplo mais conhecido se dá na altura da Ponte Eusébio Matoso, sentido Interlagos da Marginal do Pinheiros. Ali, para facilitar o escoamento dágua, há uma curva considerada perigosa e que exige que o motorista coloque o pé no freio. Quem está hoje a 70 km/h na pista expressa deve baixar para 60 km/h. A exigência seguirá a mesma ano que vem, quando o limite passará a 90 km/h.
Atualmente, a redução neste ponto é indicada por placa branca e fiscalizada por radar eletrônico, que vai permanecer. O tipo, o tamanho, a localização e a cor da placa é que vão mudar, segundo a equipe que comandará o tráfego a partir de 2017. Escolhido por Doria para presidir a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), João Octaviano Neto diz que a ideia é intensificar a sinalização de advertência para deixar bem claro ao motorista que há uma redução à frente e, eventualmente, um radar, considerado por ele um mecanismo de segurança.
“Temos de exorcizar um pouco essa questão. Não haverá ampliação, não haverá situação de pegadinha. Mas o radar é um elemento de segurança necessário – antipático, chato, mas necessário. O que não pode ter é a pegadinha, colocar o radar ali sem avisar”, afirma Neto.
Futuro secretário municipal de Transportes e Mobilidade, Sérgio Avelleda assegura que não serão criados pontos adicionais de redução de velocidade nas Marginais. “As reduções que já são observadas hoje continuarão.” Na lista de 30 pontos formulada por sua equipe há trechos próximos das Pontes Ari Torres, Cidade Universitária e Morumbi, por exemplo, todos no sentido Interlagos.
Haverá aumento também do número de placas brancas, de regulamentação e orientação, e de faixas. Elas serão usadas para alertar sobre a proibição do uso de celular ao volante e a necessidade de se reduzir a velocidade ao mudar de faixa, especialmente nas pistas locais, onde a faixa da direita permanecerá a 50 km/h.
Antes e depois
Para o consultor de trânsito Flamínio Fishman, a decisão de investir no uso de placas amarelas, de advertência, é correta. “É importante não só para coibir multas, mas para que o motorista possa se programar com as mudanças previstas na pista”, diz.
Fishman ressalta, no entanto, que a futura gestão deve instalar as placas amarelas antes e depois do ponto onde houver a redução de velocidade. “Para que o motorista saiba onde deve reduzir e onde pode aumentar sua velocidade. Informação nunca é demais.”
Mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), Horácio Augusto Figueira também elogia o uso das placas, mas afirma que apenas isso não é suficiente.
“É uma medida necessária, mas incapaz de evitar ondas de congestionamentos e possíveis colisões traseiras, ambas geradas pelas freadas bruscas que ocorrerão, já que a redução será de 90 km/h para 60 km/h. Isso sem falar no perigo dos caminhões, cuja velocidade continuará de 60 km/h”, diz.
Pedido
Ontem, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Rede Nossa São Paulo encaminharam uma carta ao prefeito eleito para solicitar a manutenção da velocidade reduzida nas principais vias da capital paulista e nas pistas das Marginais do Pinheiros e do Tietê. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.