Durante o 11.º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado ontem pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marina Walker Guevara, diretora do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), falou sobre a experiência de coordenar a investigação internacional Panama Papers. Para ela, houve uma “quebra de paradigma” com a articulação de 370 jornalistas de 76 países na análise dos 11,6 milhões de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.
Para Marina, em reportagens que envolvam grandes bases de dados, as “matilhas” tendem a se tornar cada vez mais importantes do que o “lobo solitário”. Ela citou como exemplo dessa tendência o fato de o jornal The New York Times ter se juntado à equipe coordenada pelo ICIJ.
O diretor de Jornalismo do Estado, João Caminoto, debateu o futuro da imprensa e de grandes reportagens. Ele participou do seminário “Por que investir em reportagem para sobreviver à crise?”, que teve a participação de Ascânio Seleme, do Globo, Sérgio Dávila, da Folha de S.Paulo, e de Fernando Barros e Silva, da revista Piauí. “Elas (grandes reportagens) continuam sendo caras. Precisam de tempo para serem feitas, às vezes sacrificando a redação, mas são essenciais ao jornalismo de qualidade”, disse Caminoto.