O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, 29, que o Ministério Público Federal tem disposição de fechar acordo de leniência – delação premiada para empresas – com apenas mais um empreiteira que participou do cartel que atuava direcionando contratos da Petrobras.
“Várias empresas nos procuram para fazer acordo de leniência, mas estamos numa fase em que fatos já foram descobertos, comprovados. Quando você olha o sistema como um todo, de uma perspectiva macro, não faz sentido você fazer acordo de colaboração com todo mundo”, afirmou a jornalistas após participar de um evento na capital paulista.
Segundo o procurador, se houver um excesso de acordos, isso pode incentivar novos crimes, pois os corruptores podem passar a acreditar que fazer acordos de leniência e colaboração é um caminho fácil para obter penas menores. Ele apontou também que as informações prestadas pelas empreiteiras podem coincidir, não sendo interessante para a operação fechar leniência com uma quantidade maior de empresas.
Dallagnol afirmou que o interesse seria de fechar mais uma leniência além das que já foram fechadas até o momento. “Chegamos a um ponto em que queremos fazer leniência com apenas mais uma empresa.”
O procurador não esclareceu, contudo, se será mais um acordo de leniência somado apenas ao da Camargo Correia ou se outras empreiteiras já fecharam colaboração e isso ainda não foi oficialmente divulgado.
Em agosto do ano passado, a Camargo fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal assumindo os crimes de cartel, fraude à licitação, corrupção e lavagem de dinheiro. À época, foi divulgado que a empreiteira devolveria R$ 700 milhões a título de ressarcimento por prejuízos causados à sociedade. Desde então, há informações não confirmadas de que Odebrecht, OAS, Andrade Gutierres e Queiroz Galvão estariam também fazendo acordos no mesmo sentido com o MPF.