O presidente em exercício Michel Temer cobrou nesta quarta-feira, 29, do líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-BA), mais empenho da base aliada na defesa do governo. A percepção de que está “apanhando” diariamente da oposição no plenário tem incomodado o peemedebista.
A queixa é em parte explicada pelos recentes impasses que enfrenta no Congresso, o que inclui, por exemplo, a escolha de um nome para a vaga aberta no Ministério do Turismo.
Nesse caso, Temer teve que lidar com a disputa entre peemedebistas da Câmara e do Senado para indicação da vaga. A solução que encontrou – mas ainda não oficializou – foi atender ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), com a indicação do deputado peemedebista Marx Beltrão (AL), deixando Alagoas com duas vagas na Esplanada.
O governo entende que essa estratégia serve para agradar a bancada do PMDB na Câmara, já que Marx é deputado, e a Renan, que pode influenciar no processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado.
Outro impasse que tem emperrado a aprovação de matérias no Congresso é a sanção da Lei das Estatais, que prevê regras mais rígidas para a indicação de políticos em diretorias de empresas públicas.
Senadores aprovaram um texto que dificulta a nomeação de políticos para as empresas, mas os deputados, interessados nos cargos, afrouxaram o projeto, que foi, novamente endurecido pelos senadores.
Agora, deputados exigem do Planalto vetos ao texto para dar menos rigor às nomeações e o impasse atrasa as indicações. Esse item poderá atrapalhar ainda a votação do projeto que limita indicações políticas para os fundos de pensão, que os senadores também querem endurecer e os deputados abrandar.
A lista de pendências também inclui reforma da Previdência, tema sobre o qual ainda não há consenso entre as centrais sindicais.
Líderes
Apesar de o Planalto negar que venha agindo nos bastidores para livrar o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da cassação, líderes partidários, inclusive da base, acreditam que há um acordo em construção para aprovar o recurso do peemedebista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e retardar a votação em plenário, em troca da renúncia dele ao comando da Casa.
Segundo relatos, na conversa com Cunha no domingo, Temer deixou claro sua insatisfação com a permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência da Câmara e reclamou que a instabilidade política está atrapalhando as votações de matérias de interesse do governo.
Os partidos do Centrão estariam dispostos a promover trocas na CCJ para garantir que o recurso do peemedebista seja aprovado e o processo por quebra de decoro parlamentar volte à estaca zero no Conselho de Ética da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.