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São Paulo recebe 2017 ao som do axé de Daniela Mercury

Com a Avenida Paulista tomada, São Paulo recebeu 2017 ao som da rainha do axé, a cantora Daniela Mercury, que, com direito a contagem regressiva, deu as boas-vindas ao ano-novo com muita animação. O tradicional réveillon na região central da cidade atraiu milhares de pessoas e contou com a queima de fogos de diversos prédios das proximidades.

A baiana Daniela levou ao palco sucessos consagrados da sua carreira, como “O canto da cidade” e “Baianidade nagô”, além da apresentação de versões como “O bêbado e o equilibrista, composição de João Bosco e Aldir Blanc, além de “Como nossos pais”, de Belchior, e “Tempo perdido”, de Renato Russo.

Contando com a audiência do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e do vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), a cantora exaltou as realizações da gestão, com votos de sucesso para o prefeito eleito, João Doria (PSDB), que assume o cargo em cerimônia neste domingo, 1º. “Gostaria de parabenizar Haddad pelo que ele fez pela cidade e desejar sucesso a Doria, que assume agora. Vamos manter essa rua ocupada que agora ela é de vocês para sempre”, disse no palco.

Daniela ainda lembrou as ocupações conduzidas por estudantes em escolas de diversos Estados do País em protesto contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos e a medida provisória que alterou o formato do ensino médio; a PEC acabou promulgada pelo Congresso Nacional em dezembro. “Esses estudantes deram lição neste ano para todos nós”, acrescentou a artista.

As atrações atenderam a diversos estilos, tendo começado pelo sertanejo de Edson e Hudson, seguido pelo rapper Emicida. Pontualmente às 20h30, ele subiu ao palco e se disse feliz por ser o representante do rap. “Acredito que o rap é uma música de São Paulo, um filho que a cidade não assume. Isso está enraizado de uma maneira profunda e representa um caminho sem volta. Vamos cada vez mais ocupar este espaço, lutamos muito por isso e me sinto feliz por ser um representante a dizer que a nossa cultura está viva”, disse.

A mestre de cerimônias Tchaka conduziu ainda uma homenagem ao ambulante Luiz Carlos Ruas, de 54 anos, morto no domingo, 25, vítima de uma agressão na Estação Pedro 2º, da Linha 3-Vermelha do metrô. Ela pediu uma salva de palmas em memória do camelô e conquistou a adesão em massa do público presente.

A chegada às proximidades do palco não foi das mais fáceis para quem veio caminhando na Paulista no sentido Paraíso ainda no início da noite. A primeira barreira instalada pela Polícia Militar estava localizada na altura da sede da Fiesp, a mais de um quilômetro das atrações. Quem chegou ao local foi orientado a descer por vias marginais e subir na altura da Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Funcionários que faziam a segurança no local na noite deste sábado disseram seguir uma orientação da PM, que previa liberação gradual do fluxo na região. A situação causava incômodo a quem não havia sido avisado previamente da situação. A reportagem não conseguiu contato com a corporação para comentar a situação.

Os shows no palco instalado na altura do cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio começaram às 18 horas e tinham previsão de seguir dando boas-vindas a 2017 até às 2 horas da manhã deste domingo, 1º. Na avenida, em meio às roupas brancas dominantes, a expectativa para a chegada de um ano melhor que 2016, marcado pela crise econômica no País.

Diversão e trabalho

A chegada de 2017 foi de trabalho para o artista Pierre Schlösser, de 33 anos. Vestido com uma fantasia do super-herói Homem de Ferro, ele atraía olhares curiosos de crianças e arrancava risadas de adultos. “A festa aqui costuma ser atrativa para os adultos, mas venho para ser a diversão das crianças”, disse ele, que sempre trabalha em réveillons buscando a intensa movimentação na região. Uma selfie com o herói pode ser retribuída com uma contribuição em dinheiro não estipulada por Schlösser. Perguntado sobre o valor, ele aponta para a placa que carrega, onde lê-se: “Um sorriso não tem preço”.

Por volta das 20 horas, o analista de sistemas Eduardo Viana, de 46 anos, e a mulher Rita Viana, de 43, passeavam e tiravam fotos na avenida. Moradores de um prédio a poucos metros onde o palco foi instalado, eles dizem não se preocupar com a movimentação intensa que é esperada para esta noite. “Nós gostamos, sempre descemos e passeamos um pouco para depois voltar e aproveitar a virada”, disse Eduardo. “Para 2017, vamos esperar mais oportunidade de emprego para todos”, completou o analista sobre as resoluções para o ano que está chegando.

O evento na Paulista atraiu também a imigrante síria Sereen Habbas, de 37 anos, que passeava na avenida com as duas filhas de 10 e 2 anos. Morando no bairro da Mooca há dois meses depois de deixar a capital síria, Damasco, Sereen contou que espera aproveitar a noite, com a esperança de retornar para a cidade natal em breve. “Saímos de lá por causa da guerra e agora, com uma relativa estabilização, já pretendemos voltar”, contou.

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