Trabalhadores da Mabe, que ocupavam a fábrica de fogões em Campinas há quase dois meses, deixaram na quarta-feira, 13, as instalações da empresa espontaneamente. Havia uma ordem judicial para reintegração, mas eles decidiram, em assembleia, sair por questões de segurança.
“Havia riscos de violência e até mortes se a Polícia entrasse”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sidalino Orsi Júnior.
A unidade de Hortolândia, que produzia geladeiras, foi desocupada no dia 3. As duas fábricas do grupo mexicano Mabe, dono das marcas Dako, GE e Continental, foram ocupadas em 15 de fevereiro, logo após a decretação da falência da empresa, que demitiu seus 1,9 mil trabalhadores sem pagar salários atrasados e rescisões. Uma média de 80 a 100 funcionários permaneciam diariamente dentro das unidades.
Em audiência na sexta-feira na 2.ª Vara Cível de Hortolândia ficou acertado que a Capital Administradora Judicial – que cuida da massa falida – pagará cinco salários mínimos para cada trabalhador, conforme prevê a lei, assim que for liberado, nos próximos dias, R$ 14 milhões (de um total de R$ 100 milhões) em depósitos fiduciários realizados pela Mabe.
A dívida do grupo é estimada em R$ 42,7 milhões (R$ 19,2 milhões com fornecedores, R$ 19 milhões com trabalhadores e R$ 4,5 milhões com matérias-primas).
Serão criadas também duas comissões de trabalhadores das duas fábricas, que vão acompanhar a administradora nos trabalhos de levantamento dos bens do grupo. Será ainda dado baixa nas carteiras profissionais dos funcionários.
De acordo com a Capital, após essa etapa será realizada assembleia com os credores habilitados na massa falida (fornecedores e trabalhadores) para decidir o futuro da empresa. Será avaliado se o que sobrou em ativos será leiloado ou reativado em uma nova fábrica.
Inicialmente, a massa falida pretendia retomar parcialmente a produção, com menos da metade dos funcionários, para tentar fazer caixa, mas o sindicato não aceita a proposta. “Só aceitamos se todos os trabalhadores voltarem”, afirmou Orsi. Segundo ele, se os salários não forem pagos integralmente, os trabalhadores voltarão se mobilizar.
O responsável pela massa falida informou que, paralelamente a essas ações, os acionistas e diretores da Mabe responderão pela falência. A administradora já entregou à Justiça a relação de executivos que devem ser intimados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.