O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quinta-feira, 7, que um dos principais legados da Operação Lava Jato, cuja origem é a apuração de desvios da Petrobras, é o fortalecimento institucional. Segundo ele, em função da Lava Jato, há um trabalho no governo para verificar “por que tanta falha, por que a possibilidade de balanços serem fraudados, por que não se rastreou o dinheiro antes.”
“Temos de ser mais ágeis para coibir fatos (como os da Lava Jato). A Itália, em um determinando momento, perdeu o time para fazer este fortalecimento”, disse. Durante evento do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais -, em São Paulo, ele também citou, como um importante legado da Lava Jato, as alterações legislativas no sentido de uma reforma política.
Moraes afirmou ainda, citando a nova etapa da Lava Jato, deflagrada nesta quinta, que a Operação continuará enquanto houver crimes passíveis de investigação. “É a maior operação de corrupção já feita no Brasil”, lembrou.
Segurança pública
O ministro afirmou também que a segurança pública é um “problema de todos”, e não apenas dos Estados. Ele afirmou ainda o País está “cansado de diagnósticos” quanto ao problema de segurança e da pouca ação efetiva na área.
Moraes destacou que o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo e o maior consumidor de maconha. Lembrou ainda que o Brasil não fabrica armamento pesado, mas que estes equipamentos são encontrados no Rio de Janeiro e, nos últimos anos, também em São Paulo.
Para solucionar o problema, o ministro afirmou que o governo trabalha na formação de grupos especiais de combate ao tráfico, planejamento de operações e troca de informações de inteligência. “Temos a ideia de fronteiras mais seguras, com um aumento do policiamento ostensivo nas fronteiras. Hoje, temos pouquíssimo policiamento nas fronteiras”, avaliou.
“Além do núcleo de inteligência, hoje o presidente Michel Temer editou uma medida provisória permitindo que a Força Nacional possa chamar aos seus quadros também policiais militares com até 5 anos de inatividade”, destacou o ministro. Poderemos chamá-los para que, com isso, possamos ter corpo permanente da Força Nacional. A ideia é chegar a até 20 mil homens para trabalho específico de fronteiras”, disse.
O ministro criticou ainda a postura de alguns países da América Latina em relação ao controle de fronteiras. “Não é razoável que Paraguai e Bolívia não coíbam, o pouco que seja, a entrada de drogas, de contrabando e de armas pesadas no Brasil”, afirmou.
Forças Armadas
Moraes defendeu que a atuação das Forças Armadas na área de Segurança Pública deve ser apenas suplementar à das polícias. “Forças Armadas não devem ser transformadas em força policial”, afirmou.
O ministro citou a importância da atuação das Forças Armadas em regiões específicas, como as de rios e lagos, como forma de fiscalização de fronteiras. “Vamos criar um colchão entre as polícias e as Forças Armadas, que é a Força Nacional permanente, atuando com a polícia federal, a polícia rodoviária e, de forma suplementar, com as Forças Armadas, sem que haja a substituição”, resumiu.
Olimpíada
Moraes afirmou ainda que a probabilidade de o Brasil sofrer atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é “quase zero ou mesmo zero”. A 29 dias da abertura dos Jogos, o ministro afirmou que, ainda assim, o governo trabalha com esta possibilidade, para prevenção, “como em qualquer lugar do mundo”.
O ministro também abordou o aumento das ocorrências policiais no Rio nas semanas que antecedem o evento. “Houve acirramento de problemas de segurança porque a polícia não recebeu salários. Havia atrasos desde dezembro”, comentou. “Mas a crise foi solucionada. O presidente Michel Temer editou uma medida liberando R$ 2,9 bilhões para o Rio e, na segunda-feira, pagou-se metade dos salários de maio. Ontem, os atrasos salariais e os bônus foram pagos. Quitou-se tudo”, disse.
Moraes também destacou o aumento do número de homens envolvidos no policiamento do Rio durante a Olimpíada. A segurança envolverá as polícias, a Força Nacional e as Forças Armadas. “A primeira leva de fuzileiros chega ao Rio na semana que vem. São Paulo cedeu um efetivo para o Rio, de mil homens. Teremos quase 38 mil homens fazendo a segurança no Rio na Olimpíada”, citou. “Será o período mais tranquilo no Rio de Janeiro”, acrescentou.