O principal desafio para o setor de infraestrutura no Brasil é a questão do financiamento, afirmou nesta quarta-feira, dia 2, o vice-presidente da Arteris, Felipe Ezquerra, durante participação no novo encontro da série Fóruns Estadão, com o tema “Infraestrutura – Inovação para o Crescimento”.
“Obras de infraestrutura implicam num financiamento de longo prazo. Historicamente, esse papel tem cabido quase que exclusivamente ao BNDES, mas essa situação tem começado a mudar por causa da situação do País”, disse Ezquerra.
“Acreditamos que o BNDES continuará sendo um ator fundamental, mas temos que trabalhar com outras fontes de financiamento e buscar fórmulas para diversificar”.
O executivo ainda destacou que, do ponto de vista legal e regulatório, o setor de infraestrutura possui estruturas suficientemente adequadas, mas que ainda precisam de aprimoramentos. “Também há um esforço por parte do governo para dar ritmo adequado para a execução de investimentos, principalmente em relação às questões ambientais. Temos visto um trabalho mais coordenado entre Ibama e ANTT”, afirmou.
Prioridades
Também participando do fórum, o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, disse que a sociedade brasileira não pode ser convencida de que é possível tocar “100 projetos ao mesmo tempo”.
Resende defendeu priorização de projetos, com alguns sendo transferidos para a iniciativa privada, sobretudo os de maior demanda, e voltou a falar da necessidade de um bom arcabouço jurídico, que não dependa de situações político-eleitorais. “Não se pode só inaugurar maquetes”, ironizou. “Não é possível convencer investidores de que eles terão retorno só com caridade, é preciso restabelecer a confiança”.
Na avaliação de Felipe Ezquerra, o investidor precisa de previsibilidade e isso inclui marco regulatório e prazos. “E o principal é o planejamento”, frisou o vice-presidente da Arteris.