O comando da Petrobras prepara uma mudança na remuneração dos empregados que deve provocar mais um embate com os sindicatos. O pagamento da participação nos lucros e resultados, que hoje leva em conta principalmente o desempenho da produção da empresa, vai passar a ser mais baseado no resultado econômico.
Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, no novo modelo, que já está em fase avançada de elaboração, as metas financeiras vão definir 65% do bônus pago anualmente aos 78,5 mil funcionários da estatal e também vão pesar no plano de cargos e salários, enquanto a relevância da produção vai recuar de 80% para 10
Com um prejuízo de R$ 34,8 bilhões e sem bater metas de produção em 2015, a estatal não distribuiu bônus este ano. Mas, no ano passado, mesmo com prejuízo de mais de R$ 20 bilhões em 2014, a empresa ainda distribuiu R$ 1 bilhão em bônus, por ter atingido parte das metas de produção.
O novo modelo pretende exigir do trabalhador um maior comprometimento com as metas de disciplina de capital da petroleira, que serão incluídas no plano de negócios. O comando da estatal não tem dúvidas de que a mudança proposta agora vai provocar gritaria entre os sindicalistas, que, apesar de historicamente atrelados ao PT, já resistem ao projeto do presidente da companhia, Aldemir Bendine, de vender ativos e mirar na disciplina de capital.
A aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados tornou mais incerto o futuro da atual direção da Petrobras. Mas, segundo fontes, a diretoria trabalha com a premissa de que o projeto não tem conotação política e que os ajustes são necessários para o fortalecimento financeiro da estatal no longo prazo.
No novo modelo, os indicadores financeiros escolhidos para balizar a distribuição de bônus são: margem Ebitda (geração de caixa), fluxo de caixa livre, gerenciamento dos gastos operacionais e desinvestimento, considerado essencial para ajustar o endividamento da companhia. Esse grupo vai contribuir com 65% da participação dos lucros. Já os indicadores de sustentabilidade – práticas de segurança, meio ambiente e saúde – vão pesar 20%, mais do que os avanços técnicos de produção de petróleo, que terão peso de 10% no cálculo da participação nos lucros. Já as políticas públicas entram com 5%.
As linhas gerais do programa de remuneração foram apresentadas aos funcionários durante a última negociação do acordo coletivo. O comando da petroleira sabe o desafio que será fazer o novo modelo ser aceito pelos trabalhadores porque a mudança de cultura será muito grande. Mas não abre mão de promover as alterações.
O novo modelo já tem o aval dos comitês de assessoramento do conselho de administração e foi bem recebido entre os gerentes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.