Economia

Barbosa critica modelo de estímulo e prega equilíbrio fiscal

Presente em evento que comemora os 30 anos do Tesouro Nacional, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa fez, nesta quinta-feira, 10, um discurso defendendo da adoção de medidas de estabilização da economia no curto prazo e de reformas de longo prazo propostas por ele. Barbosa tentou descolar sua política econômica do modelo de estímulo adotado pelo governo petista nos últimos anos. Ele ressaltou a necessidade de redução da inflação e do equilíbrio fiscal para a recuperação do crescimento e fez uma crítica às ações adotadas no passado recente.

“Somente medidas de estímulo no curto prazo não serão suficientes, pois a recuperação tende a ser curta ou não ocorrer. Tivemos experiência de adoção de estímulos no passado recente que tiveram efeito curto e, ao invés de resolver, ampliaram os problemas estruturais”, apontou Barbosa nesta quinta-feira.

O ministro admitiu que a situação é “desafiadora” e lembrou que o mercado prevê redução da atividade econômica pelo segundo ano consecutivo, o que não acontece desde a grande depressão de 1930. Para Barbosa, há sinais de estabilização em alguns setores, mas a perspectiva é de que economia se estabilize no terceiro trimestre deste ano.

Barbosa ressaltou que a situação requer medidas não usuais e tem que ser enfrentada com “realismo, urgência e serenidade”. “O governo deve ser agente de estabilização, de redução da volatilidade”, acrescentou. “Devemos ter ousadia com responsabilidade de forma consistente e duradoura”, concluiu.

Papel do Tesouro

Também no evento, o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, destacou o papel da instituição para o momento atual da economia brasileira. “O desafio da economia brasileira exige de nós atuação segura e alinhada às melhores práticas”, afirmou, na abertura do seminário “Tesouro 30 anos”, em homenagem ao aniversário do órgão.

Ladeira destacou a reestruturação interna feita no órgão recentemente, com a criação de comitês para análises do cumprimento da meta e outros temas. Ele lembrou a história do órgão, que passou a ser responsável pela contabilidade pública com a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000, e se emocionou ao anunciar a criação da medalha “Fábio Barbosa”, em homenagem ao ex-secretário que morreu em novembro do ano passado, que será entregue a servidores do órgão. “O Tesouro é a minha casa há 22 anos”, ressaltou.

Equilíbrio fiscal

Ladeira também citou seu antecessor, Marcelo Saintive, e afirmou que “o sábio se equilibra no caos e que é no caos que nós avançamos”. Na avaliação de Ladeira, é preciso buscar o equilíbrio fiscal, a transparência e a qualidade do gasto na avaliação de políticas públicas.

Com um cenário econômico difícil, o secretário lembrou que o Brasil passará por dois anos seguidos com PIB próximo a -3%. Ele disse ainda que, às vezes, a rede de proteção social não deixa perceber tanto o efeito dessa desaceleração, mas frisou a gravidade da situação.

Entre as ações do Tesouro desde que assumiu a secretaria, Ladeira reafirmou a negociação das dívidas dos Estados. Ele tem discutido com os secretários de Fazenda e governadores um alongamento da dívida. Em contrapartida, os Estados precisarão criar uma LRF Estadual. A intenção do Tesouro é enviar um desenho para essa lei e para um programa de avaliação do gasto público.

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