O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou nesta quinta-feira, 10, que as propostas fiscais destacadas hoje pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, como a reforma da Previdência, são muito boas, mas precisam do “apoio do partido do governo”, o PT.
Em palestra na Amcham-SP, ele renovou sua defesa a medidas estruturais de longo prazo que o governo precisa enviar ao Congresso para restabelecer a confiança de empresários e consumidores, sem as quais os investimentos não voltarão e a economia não retomará a expansão do PIB. “Não haverá ajuste fiscal sem crescimento”, disse.
Entre as sugestões estão a reforma da Previdência, com a adoção de uma idade mínima para aposentadorias, fim da indexação dos benefícios do sistema de seguridade social à variação do salário mínimo e desvinculação de receitas do Orçamento. Ele também advogou a adoção de uma proposta da CUT, na qual acordos entre empregados e trabalhadores devam prevalecer sobre a atual legislação. Além disso, Delfim Netto defendeu a revisão de todas as rubricas de gastos federais, a fim de eliminar despesas desnecessárias pela União que ocorrem ano após ano porque não são reavaliadas periodicamente pelo Poder Executivo.
“Tudo isso é essencial para que em três ou quatro anos volte a estabilidade da dívida bruta como proporção do PIB”, disse Delfim Netto, para um público de empresários. “Precisa devolver aos senhores a confiança do poder incumbente para que possam tomar os riscos dos investimentos”, disse. “O desequilíbrio fiscal está incito na Constituição de 1988. Ele não apareceu antes porque o País estava crescendo”, destacou.
Delfim Netto defendeu que programas sociais sejam preservados pelo governo. “O Bolsa Família é extremamente eficiente porque ajuda a aumentar a igualdade de oportunidades, a educação do mais necessitado. Tem o parasitismo como tem em todos os programas, o que precisa ser retirado. Não é auxilio para miserável.”
“Há uma saída: o Brasil pensar na situação que está e tomar as providências”, comentou Delfim após o evento. “A crise política e econômica juntou pé com cabeça. A crise política piora a crise econômica que piora a crise política. Essa corda tem que ser cortada em algum momento. É preciso aceitar um diagnóstico correto e por em prática, tanto pelo Executivo quanto pelo Legislativo.”