Economia

Juros recuam com BC, dólar e cenário político

As taxas de juros negociadas no mercado futuro tiveram queda generalizada nesta terça-feira, 22, influenciadas por fatores políticos e econômicos internos. A queda do dólar, o discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e as especulações sobre o cenário político favoreceram a redução dos prêmios, principalmente na ponta longa da curva. O cenário internacional, com ataques terroristas em Bruxelas, foi apenas monitorado.

Foram bem recebidas as declarações de Tombini, que, em audiência no Senado, fez um discurso em defesa do ajuste fiscal e da solidez do mercado financeiro. Além disso, Tombini afastou as especulações em torno de um afrouxamento da política monetária no curto prazo, embora tenha admitido que o processo de desaceleração da inflação deve ficar mais intenso a partir de março. “Mecanismos de indexação e incertezas quanto ao processo de recuperação de resultado fiscal não nos permitem trabalhar com flexibilização das condições monetárias”, disse o presidente do BC.

Mas foi o cenário político o responsável pelas mínimas do dia, registradas à tarde, quando as especulações em torno da Operação Lava Jato e do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se intensificaram. No início da tarde, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o seguimento em ação ajuizada pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suspender parte da decisão do ministro Gilmar Mendes, na sexta-feira passada, que invalidou a posse de Lula como ministro da Casa Civil.

Rosa Weber considerou que não cabe habeas corpus questionando a decisão de ministro do Supremo. “Esta Corte já firmou jurisprudência no sentido de não caber habeas corpus contra ato de Ministro Relator”, afirmou no despacho. Segundo profissionais do mercado, houve ainda intensa especulação em torno da possibilidade de novos desdobramentos da Lava Jato atingirem Lula. Pela manhã, a Polícia Federal deflagrou a 26ª fase da Lava Jato, mas nenhum político foi preso ou levado a prestar depoimento.

No noticiário econômico, o destaque do dia foi a divulgação dos números de fevereiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo os dados, o Brasil fechou 104.582 vagas formais no mês passado, pior resultado para o mês desde 1992, quando começou a série histórica. O resultado foi muito inferior ao registrado em fevereiro do ano passado, quando foram fechadas 2.415 vagas pela série sem ajuste. O resultado também ficou abaixo do piso das expectativas das instituições ouvidas pelo AE Projeções, que era de 80.000 vagas.

Ao final dos negócios no horário regular na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2016 tinha taxa de 14,07%, a mesma do ajuste de ontem. O vencimento de janeiro de 2017 projetava 13,71%, ante 13,78%. O DI para janeiro de 2018 tinha taxa de 13,31%, ante 13,47% do ajuste de ontem. Na ponta mais longa da curva, o vencimento de janeiro de 2021 projetava 13,61%, de 13,86%.

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