As recentes notícias do cenário político aumentaram o grau de imprevisibilidade, levando os investidores a adotar uma postura de maior cautela nos negócios com moedas e ações. Com isso, a Bovespa teve nesta quarta-feira, 23, uma sessão de correções e caiu 2,59%, aos 49.690,05 pontos. Foram negociados pouco mais de R$ 6 bilhões, o que representa cerca de 40% da média diária de março.
A principal justificativa para o comportamento mais cauteloso foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, ontem à noite, de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A vitória parcial de Lula na batalha jurídica em torno das investigações que o envolvem enfraqueceu as apostas no impeachment da presidente Dilma. Assim, o mercado partiu para correções em suas posições compradas em ativos brasileiros.
Também tiveram influência negativa as notícias relacionadas à Odebrecht. Horas depois do anúncio de adesão dos executivos da construtora à delação premiada foram reveladas listas com nomes de mais de 200 políticos, de 18 partidos, que teriam recebido doações do grupo. O mercado recebeu com cautela os dados da lista, devido à incerteza quanto à legalidade das contribuições. De todo modo, a ausência do nome de Michel Temer na lista gerou certo alívio, por não indicar inviabilização da substituição da presidente pelo vice. As delações da Odebrecht ainda não começaram.
O cenário internacional não foi amigável ao risco, o que acabou por reforçar essa tendência. Os preços do petróleo tiveram fortes perdas nos mercados de Londres e Nova York e influenciaram negativamente as bolsas norte-americanas, pressionadas pelas quedas das ações do setor de energia.
Entre as ações negociadas na Bovespa, as quedas mais significativas ficaram com as blue chips e as do setor financeiro. Petrobras ON e PN caíram 5,34% e 4,07%, enquanto Vale ON e PNA recuaram 8,49% e 7,08%, respectivamente. Entre as ações que compõem o Ibovespa, Braskem PNA liderou as quedas com perda de 11,73%, devido à repercussão do noticiário envolvendo a Odebrecht, sua controladora.