O dólar abriu em alta nesta terça-feira, 29, pressionado pela atuação do Banco Central no mercado. O BC realiza leilão de swap reverso, o que equivale à compra de dólar e venda de taxa de juros no mercado futuro, e também decidiu não realizar operação de rolagem do vencimento de swap cambial de abril.
De acordo com o operador Cleber Alessie Machado Neto, da Hcommcor corretora, há um entendimento no mercado de que o BC está aproveitando níveis abaixo de R$ 3,70 para reduzir a exposição vendida em dólar via swap cambial. Além disso, o dólar em alta reflete a queda do preço do petróleo e tem como pano de fundo a queda de 1,54% registrada na segunda-feira. Às 9h55, a moeda operava em alta de 1,07%, sendo vendida a R$ 3,6632.
A agenda econômica desta terça-feira acompanha os rumos políticos do País. É dia de o PMDB anunciar se deixa ou não a base do governo Dilma Rousseff, e em Brasília é dado como certo que os peemedebistas optarão pelo fim da parceria com a presidente. “Temos a certeza absoluta de que vamos desembarcar (do governo). Numa escala de zero a dez, a chance de sair é dez”, afirmou o ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.
É possível, inclusive, que a decisão do PMDB seja tomada por aclamação, um cenário que ganhou força após o vice-presidente Michel Temer acertar com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) o desembarque do governo. Temer assumiria a presidência após um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Os governistas, por sua vez, já traçam estratégias para enfraquecer o processo de impeachment após um possível afastamento do PMDB. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ouviu do próprio Temer que a sigla deixará a base do atual governo, deve atuar na articulação informal do governo.
Além de oferecer cargos menores para políticos e aliados favoráveis à gestão Dilma, o governo já inicia uma movimentação contra Temer. Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acusou o vice-presidente de estar “no comando do golpe”. No mesmo dia o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que Temer “seguramente será o próximo a cair” se Dilma for deposta por um processo de impeachment considerado “golpista” pelos petistas.