O consumo de energia no Brasil deve encolher entre 1,5% e 2% em 2015, na comparação com o ano passado, afirmou nesta quarta-feira, 23, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho. O pior cenário cogitado pelo secretário aponta para uma retração mais acentuada do que aquela estimada pela Empresa de Pesquisa Energética em julho passado. Na oportunidade, a EPE apontava para uma queda de 1,5%.
“Houve recuperação (recente) porque a temperatura aumentou, mas certamente teremos um 2015 abaixo do número de 2014. Projetamos uma redução de 1,5% a até 2%”, afirmou Ventura, após participação no evento Latin American Utility Week.
O ritmo de retração do consumo de energia tem se acentuado nos últimos meses, reflexo do aumento do custo da energia e da retração da atividade econômica nacional. Em julho, o último dado mensal disponibilizado pela EPE, o consumo de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) havia encolhido 2,9% em relação a igual período do ano passado. A variação negativa é duas vezes maior do que a queda de 1,4% registrada no acumulado de janeiro a julho, em relação ao mesmo período do ano passado.
Desde o início deste ano, a EPE já anunciou duas revisões para baixo nas estimativas de consumo elétrico. A projeção inicial, feita ainda no final do ano passado, sugeria uma alta de 3,1% no consumo. O número foi revisado para uma alta de 0,1% ao final do primeiro quadrimestre deste ano. Mas, na segunda revisão quadrimestral, a percepção já foi revertida para uma queda, de 1,5%.
Em contrapartida à retração esperada para 2015, Ventura demonstra otimismo em relação aos números de 2016. Mas condiciona um eventual crescimento ao ritmo da economia brasileira. “Vamos esperar que a economia recupere alguma coisa e então teremos em 2016 um mercado um pouco maior do que em 2015. Isso é o natural. Mas é a economia que puxa a demanda”, alerta.
Os números menos otimistas em relação à demanda, associada à expectativa de ampliação do parque gerador brasileiro, aumentam a segurança de abastecimento no sistema elétrico nacional. Durante palestra, Ventura destacou que, entre os anos de 2013 e 2014, a capacidade instada de energia cresceu 5,6%, contra uma expansão de apenas 2,6% na carga.
Para este ano, a expansão da capacidade está estimada em 5%. Já nos anos de 2016 e 2017, o MME projeta um adicional à capacidade de 9,6 GW em 2016 e 7,7 GW em 2017. A adição, segundo Ventura, também será mais relevante do que a expectativa de aumento da carga. Por isso, segundo o secretário, é possível afirmar que o Brasil “não enfrentará racionamento” pelo menos até 2017.
No longo prazo, salienta o MME, será fundamental o andamento de projetos como a usina de São Luiz do Tapajós, a ser leiloada possivelmente em 2016. O empreendimento, contudo, ainda enfrenta restrições do ponto de vista ambiental.